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Artigo de Opinião

Por vezes você sofre por que insiste em trilhar um caminho errado

Dores, decepções, traumas e perdas são inerentes à vida, não controlamos e nem podemos evitar certas situações.

Às vezes…

Porque em outras vezes, eu ousaria dizer até que, por vezes, você sofre por que insiste em trilhar um caminho errado.

Eu explicarei.

Se somos informados que por aquele determinado caminho está acontecendo um tiroteio, e até já existem mortes, obviamente, evitaremos aquela rota.

Certo?

Errado!

É justamente o que acaba acontecendo e é o caminho que muitos trilham.

É uma metáfora?

Sim, mas ela expressa o que vim te dizer.

A pessoa não te ama, ela te trai, falta o respeito com você, por vezes até te agride verbal e fisicamente, mas você… perdoa.

E insiste em continuar com aquela pessoa que já deixou claro que não te ama, pois quem ama, antes de qualquer coisa, respeita.

Não me venham com mi-mi-mi e nem com ‘desculpazinhas’, é assim que acontece.

Aquela pessoa não te ama e ponto final.

UMA HISTÓRIA REAL

Em 1998 aconteceu um caso que deixa clara essa minha certeza e avaliza o que estou falando.

Eu era um simples seminarista em estágio na III Igreja Congregacional em Caruaru, Pernambuco e eu recebi no Gabinete Pastoral uma irmã que veio me contar o seu drama.

Faltavam 2 anos para a minha consagração a pastor e eu era apenas um seminarista.

Ela amava o marido, eles tinham 2 filhos, construíram uma vida estável, mas ele era possessivo, ciumento e agressivo.

Eu não entrarei em detalhes, porque isso é bem íntimo e envolve uma família, mas ela me contou alguns detalhes que me impulsionaram a levantar e ir meter a porrada nele.

“Nossa, Léo, como você diz isso?”

Afirmo e reafirmo, tive vontade de levantar e ir atrás dele para enche-lo de porrada…, mas não fui a pedido dela.

Deixando toda a teologia de lado, ou tudo o que aprendemos na matéria A ARTE DO ACONSELHAMENTO, matéria obrigatória em qualquer faculdade de Teologia, eu dei o meu melhor conselho.

“Vá até à delegacia, registra uma ocorrência, solicite uma medida cautelar para ele sair de casa e para ficar afastado de você, e se você autorizar, levo uns irmãos da igreja para te auxiliarem.”

Ela chorou copiosamente e saiu sem dizer nenhuma palavra.

Ela não foi na delegacia e nem tomou qualquer atitude.

Isso aconteceu numa quarta-feira, era o meu dia de plantão no gabinete pastoral para aconselhamentos.

Ela não gostou do conselho de um seminarista de 27 anos, deve ter me achado imaturo, mas naquela época eu ainda era Policial Civil, estava de saída, mas ainda era…

Dois dias depois, na sexta-feira, era dia de Aconselhamento Pastoral com o Pastor Titular daquela igreja e ao contar para ele qual foi o meu conselho, ele explodiu: Eu estava despreparado para a função pastoral e ele aconselhou aquela irmã a orar e perdoar o marido…

Ela me ligou e me deu um baita esporro.

O pastor titular me ligou e me dispensou da função de seminarista e me ‘devolveu’ ao seminário com uma carta de desonra.

Isso tudo aconteceu naquela sexta-feira fatídica para a minha moral…

Três dias depois, na segunda-feira, fui acordado pela manhã com uma ligação, era o filho daquela moça: ela foi morta pelo marido e ele fora preso pela PM.

Chocado, corri para a casa onde aconteceu o crime, entrei com autorização da PM e constatei o corpo dela na cozinha.

Chorei.

Chorei muito.

Aliás, chorei muito…

O enterro daquela menina, tinha 40 anos de idade, foi no dia seguinte, no Cemitério Eco memorial do Agreste, em Caruaru.

Ao chegar e ver o pastor ao lado do caixão, chorando, eu me aproximei dele e disse em alto e bom som:

“Manda ela orar agora pelo marido, seu irresponsável.”

Gritei com muita raiva.

A turma do “deixa disso” chegou e me afastaram daquele traste, e ele com vergonha e em silêncio, covardemente foi embora e eu fiz o Culto Fúnebre e contei toda a história para os 500 presentes.

Os filhos dela me abraçaram e choraram.

Até hoje sou amigo dos parentes daquela menina.

Era eu, quem estava coberto de razão, naquele aconselhamento.

CONCLUSÕES

Não insista naquilo que está na cara que não dará certo.

Não aceite o primeiro tapa, procure a delegacia.

Não aceite o primeiro cuspe, procure a delegacia.

Não aceite a primeira agressão, procure a delegacia.

Não aceite o primeiro xingamento, procure a delegacia.

Nervosismo ou bebedeira não são desculpas para agressões, procure a delegacia.

Não perdoe, nem que seja entre lágrimas, quem bate uma vez, bate 2, 3, 4, 5, 6, procure uma delegacia, por que se ele te matar, você não terá como procurar uma delegacia…

E aquele pastor?

Na quarta-feira, 1 dia após o enterro daquela moça, a igreja fez uma Assembleia de Membros extraordinária, expulsou aquele traste, e mesmo sendo seminarista, me empossaram como Pastor-Substituto, em experiência…

Essa história não é uma estória.

Em caso de agressões, sejam elas quais forem, procure imediatamente uma delegacia.

Léo Vilhena | Rede GNI
@LeoVilhenaReal


Nota: Não sou mais pastor desde 2017, após o meu AVC, Enfarto e Coma… Tenho sequelas que me impedem o exercício pastoral.