A guerra entre torcidas expõem a falência da segurança pública no Rio
As cenas de selvageria e tentativas de homicídio que assistimos, estarrecidos e com um dolorido sentimento de impotência, ontem a tarde, 05/03, antes e depois do clássico carioca disputado no Maracanã entre Vasco e Flamengo, o Clássico dos Milhões, é um gravíssimo problema muito maior do que uma “simples” briga de torcidas.
‘O buraco é muito mais embaixo.’
Já se foi o tempo que ir ao Maracanã era sinônimo de lazer com a família, hoje é um sorteio de quem voltará vivo para casa.
A escalada da violência tem muito a ver com a falência na segurança pública do Rio de Janeiro, com o inoperante e irrelevante esquema de segurança e serviço ineficiente de inteligência para tentar prevenir o espetáculo de horrores que assistimos na tarde deste domingo e com um sentimento real de impunidade.
A impunidade gera o aumento do crime.
Em termos gerais, a impunidade cresceu no Rio de Janeiro e fomentou o aumento da exacerbada violência.
Ou será que foi ao contrário?
Não importa, a ordem dos fatores, não altera o produto.
Desde Leonel de Moura Brizola o Rio de Janeiro vive uma falência na segurança pública, potencializada com os gravíssimos casos de corrupção, roubos, furtos e saques dos cofres públicos.
O erário foi vilipendiado e assaltado.
E onde estão os bandidos do colarinho branco?
90% soltos e desfrutando de suas mansões ou apartamentos caríssimos, a beira-mar, o que faz crescer ainda mais o sentimento de impunidade e revolta.
E aonde esse sentimento reflete e explode?
Nas ruas do Rio de Janeiro.
Elas tornaram-se praças de guerras, em especial em Madureira, Tijuca, São Cristóvão, Caxias e Maracanã, bairro.
Os “torcedores” (ou seriam bandidos?), foram armados para a guerra.
Eu não vou postar os mais de 30 vídeos que recebemos, pois nem na guerra do Iraque assistimos tamanha barbárie.
Exagero?
Vai nessa…
São cenas lamentáveis e inquietantes.
Durante 20 anos frequentei Maracanã, São Januário e todos os estádios do Rio de Janeiro, fui um dos diretores da Independente do Vasco, antiga torcida organizada, e nunca me envolvi, ou melhor, nunca nos envolvemos em qualquer ação criminosa ou de brigas generalizadas.
Anos 80 e 90 ainda eram poéticos.
Hoje, mais cedo, eu estava interagindo com um seguidor no Twitter, Renato @rborges05 (eu dou atenção a todos os meus seguidores, quando eu posso), e estávamos “discutindo” se valeria a pena proibir por um certo período a presença de torcedores nos estádios para frear ou tentar frear essa onda de violência.
E a conclusão que chegamos, foi à conclusão alguma.
É um problema que parece não ter solução.
O efetivo da Polícia Militar do Rio de Janeiro, soldados valorosos, apesar de combativos e corajosos guerreiros da segurança, em números eles são incapazes de conter a massa tsunâmica de desordeiros e bandidos que vão, não para torcer, mas para brigar e se necessário for, matar seus inimigos.
Os “inimigos” são torcedores do outro time.
Gostei da Frase do Rica Perrone, de quem eu sou fã:
– “Pelo amor de Deus gente! Isso é um jogo de futebol!”
Se o Twitter quiser me banir fique a vontade. Mas eu vou expor isso aqui. Isso nao e uma civilização. Isso é um absurdo!!!! Cadê o estado? Só ele não sabe? Segue os vídeos! Pelo amor de deus gente! Isso é um jogo de futebol. pic.twitter.com/axvjepPda4
— Rica Perrone (@RicaPerrone) March 5, 2023
É exatamente isso, é apenas um jogo de futebol, e fizeram dele um MMA violento, sanguinário e criminoso.
Eu não vejo outra saída radical, para estancar a violência, à não ser impedir por 1, 2, 3, 4, 5 anos ou quem sabe, estádios lacrados Ad infinitum.
Ou até os bandidos serão afastados dos estádios e banidos definitivamente do meio esportivo.
Enquanto isso não ocorrer, outras famílias, outros pais, mães, avós, tios, primos, parentes e amigos vão chorar as perdas de seus entes queridos.
E era tudo: Uma Partida de Futebol…
– “Poha, é apenas um jogo de futebol!”
Nota: Dedico este texto à família do torcedor, que foi morto ontem, nas imediações do Maracanã. Ele tinha um nome: Bruno Macedo dos Santos. Outros estão internados, dois em estado gravíssimo. Ao todo 8 foram internados com graves ferimentos.
Léo Vilhena | Rede GNI
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