A batalha diária contra a desinformação
Eu nunca concordei ou sequer vi alguma lógica em criar Fake News, ou como dizemos em jornalismo, nenhuma lógica em criar barrigas.
Por que para mim, repito insistentemente, mudaram o nome de MENTIRA para Fake News que é menos ofensivo.
Sem religiosidade alguma, mentira é a ausência da verdade, e se um jornalista formado desce a profundezas das trevas e mora nos porões da ausência de caráter, ele é tudo nessa vida, de prostituto à vagabundo, de bandido à safado, menos jornalista.
Nesse momento nasce o primeiro problema: Baseados em uma decisão ilógica do STF ao julgar o Recurso Extraordinário (RE) 511961, o Supremo afirma que NÃO HÁ a necessidade de ter um Diploma para trabalhar como jornalista.
Preste bastante atenção: Trabalhar como…
Você pode criar um site, você pode criar um blog, você pode criar um canal no Youtube, você pode criar um canal no Vimeo e você pode ter Redes Sociais e divulgar suas opiniões e qualquer informação, mas você não pode afirmar ser um Jornalista, por que você não é.
Existem apenas 2 formas para você ser um Jornalista e ser LEGALMENTE apresentado como um:
1 – Concluir alguma faculdade e ter um Diploma;
2 – Concluir algum Curso Livre, reconhecido pelo MEC, e ter um Certificado.
Concluídas essas 2 etapas, você é um Jornalista?
NÃO. AINDA NÃO!
Baseados no Recurso Extraordinário (RE) 511961 do STF, você será um Jornalista de verdade, de fato e de direito, após você requerer o seu DRT/MTB no Ministério do Trabalho e Previdência – MTP, o antigo Ministério do Trabalho e Emprego -MTE.
Para dar entrada no seu DRT/MTB você precisará apresentar alguns documentos que comprovem a atuação Jornalística: Fotocópia autenticada do documento de identificação com foto que será apresentado ao órgão; Fotocópia autenticada do Cadastro de Pessoa Física (CPF); Fotocópia autenticada do número, série e qualificação civil da Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS); Documentos de capacitação específicos da profissão.
Você ainda precisará apresentar o seu contrato de trabalho com alguma empresa de Jornalismo ou pelo menos 3 Reportagens/Artigos de Opinião Jornalística veiculados em algum site legalizado (CNPJ), pelo menos com 6 meses de retroatividade à data da entrada do pedido. E eles tem que estar “no ar” para serem checados.
Toda essa documentação será checada e analisada, e depois de 15 dias à 30 dias, dependendo da SRTE/MTP, você receberá ou não o seu DRT, apenas depois de todo esse processo concluído você poderá bater no peito e dizer: EU SOU UM JORNALISTA.
Quando qualquer pessoa se aproxima de mim para pedir ajuda ou qualquer outra coisa, e se apresenta como Jornalista, a minha primeira pergunta é: Você tem DRT? De qual SRTE? Porque eu tenho como conferir e você já vai entender isso.
Mas por que eu disse tudo isso?
É muito difícil um Jornalista formado e com a consciência da seriedade da sua profissão, é muito mais difícil ele mentir e criar fake news.
Existem aqueles que fazem isso?
SIM!
Eu disse que é mais difícil e não disse que é impossível, basta você olhar para os Jornalistas de Necrotério da Vênus Platinada ou do Consórcio.
Porque um jornalista formado e com DRT ele sabe que será processado caso invente mentiras.
E aqueles que não tem DRT?
Como serão processados ou punidos por suas mentiras?
Por isso que NENHUMA empresa séria de Jornalismo contrata qualquer pessoa que se diz ser Jornalista, se ele não tiver DRT/MTB.
Eu sou Secretário-Executivo da União Brasileira de Profissionais de Imprensa desde 2015, e nesses 7 anos eu não vi nenhum caso de contratação sem DRT, seja jornalista, repórter, colunista ou comentarista. Até um propagandista, sem DRT não consegue emprego formal.
Nunca vi nenhum caso.
As fake news partem, em sua grande maioria, diria esmagadora maioria, de pessoas sem diploma, que nunca estudaram e sequer tem DRT, e mais, partem de sites ou blogs que sequer tem registro no CNPJ ou registro no INPI e não são reconhecidos pelos órgãos fiscalizadores.
Pasmem os senhores e as senhoras, ontem eu vi um caso bizarro: Um site escreveu uma MENTIRA e depois de serem confrontados eles alteraram a manchete e colocaram um escopo com duas chamadas, algo que seria impossível ser feito por alguém que tenha estudado. Eu vou te dar um exemplo para ficar mais claro o que eu estou falando (hipoteticamente):
“Flamengo vence o Vasco por 1×0, mas o presidente Lula viajou para Brasília.”
Foi nesse nível, sem piada alguma.
Por isso que eu digo com firmeza e consciência, talvez com certa propriedade, que é uma batalha diária a luta contra a desinformação, por que lutamos contra uma milícia digital.
Eu publiquei um tweet e não mudo sequer uma vírgula:
Muitos me perguntam “por que eu sou tão contundente contra a desinformação?”
Eu poderia dar inúmeras e várias explicações e motivos, mas eu vou me focar em apenas dois exemplos e você mesmo tire as suas conclusões:
1 – Em 05/05/2014, um criminoso disse em um grupo de WhatsApp que uma determinada pessoa, moradora daquela região, PARECIA com a foto de uma sequestradora de crianças que estava agindo no Guarujá, litoral de São Paulo. A população revoltada cercou a casa daquela pobre mulher e a mataram após uma forte sessão de espancamento. E a polícia descobriu que ela era inocente. LINK: https://g1.globo.com/sp/santos-regiao/noticia/2014/05/mulher-espancada-apos-boatos-em-rede-social-morre-em-guaruja-sp.html
2 – Uma informação mentirosa pode criar uma “Guerra Familiar” por que familiares e parentes que tenham correntes ideológicas, religiosas e políticas contrárias, podem entrar em uma “batalha” por defenderem os seus ideais, muitos deles baseados em uma informação mentirosa – Fake News.
Agora você entendeu a nossa luta?
Fake news é crime e eu não aceito nem com a desculpa de que “errou, por que um Jornalista de fato e de verdade, ANTES de publicar qualquer informação, ele checa e recheca a fonte da informação, e se errar (o que é possível) ele cria uma errata em tempo de desfazer o seu erro.
Mas se não der tempo?
Léo Vilhena
Jornalista e Editor da Rede GNI
https://twitter.com/LeoVilhena51
https://gettr.com/user/leovilhena51
