Mães de bonecas reborn: amor ou psicopatia?

Uma análise cuidadosa, criteriosa e respeitosa sobre o fenômeno das 'mães e cuidadoras' de bonecas realistas.

Últimas atualizações em 12/05/2025 – 23:27 Por Redação GNI

Para começo de conversa, o que debateremos a partir deste momento é algo profundamente sério e será carregado com a seriedade que o tema exige, respeito, coerência, empatia e verdades…

Vamos falar do fenômeno das ‘mães de bonecas reborn’.

Me deparei com uma reportagem no portal R7 — https://noticias.r7.com/prisma/refletindo-sobre-a-noticia-por-ana-carolina-cury/viralizou-mulheres-adultas-estao-tratando-bebes-reborns-como-filhos-de-verdade-11042025/ — que, respeitosamente e seguindo as diretrizes da Creative Commons, replicarei em sua íntegra:


Viralizou: mulheres adultas estão tratando bebês reborn como filhos de verdade. Tendência polêmica escancara problemas reais e levanta questões como os impactos da solidão no mundo moderno – Por Ana Carolina Cury.

“Precisei sentar porque estava com o Gui no colo.” A frase dita por uma jovem no TikTok poderia passar despercebida, não fosse o fato de que o “Gui” não é um bebê de verdade, mas uma boneca reborn.

Nas redes sociais, a hashtag #maedereborn já ultrapassa milhões de visualizações. Esse vídeo em questão, que impulsionou a discussão, mostra uma jovem interrompendo uma atividade para “cuidar do filho”, referindo-se à boneca. O tom com que fala, cuidadoso, provocou espanto.

A publicação viralizou com milhares de visualizações e comentários polêmicos. De um lado, críticas. Do outro, apoio. Muitos questionaram sua sanidade. Outros, porém, se identificaram.

Mas, afinal, o que leva uma mulher adulta a cuidar de uma boneca como se fosse um filho?

As bonecas reborn são produzidas com detalhes hiper-realistas: peso semelhante ao de um recém-nascido, traços delicados, cheiro característico e até batimentos cardíacos simulados.

Em muitos casos, como esse, são tratadas como se fossem bebês reais, com direito a fraldas, berços, mamadeiras e passeios no carrinho. E o mais impressionante: não se trata apenas de um hobby. Para algumas mulheres – “mães reborn”, como se autointitulam – tem se tornado uma forma concreta de viver a maternidade, mesmo que simbolicamente.

Eu naveguei em alguns grupos e vi que muitas dessas “mães reborn” aparecem nas redes mostrando seus “bebês” penteados e prontos para dar bom dia às seguidoras, outras pedem sugestões de roupinhas ou perguntam se aquele macacão fofinho combina com o passeio da tarde. E é impossível não notar o cuidado com que falam das bonecas, como se fossem mesmo filhos e filhas.

A dedicação não é só emocional: muita gente investe tempo e dinheiro nesse vínculo. Os bonecos podem custar até R$ 12 mil, dependendo do nível de realismo e tem também os acessórios como carrinhos, fraldas, berços, roupinhas especiais.

Entre afeto e polêmica

Em um artigo publicado na Fox News, o psiquiatra americano Keith Ablow, professor da Tufts University School of Medicine, fez uma análise provocativa sobre o fenômeno.

Para ele, a relação com as bonecas pode até reduzir a ansiedade ligada ao desejo da maternidade, mas funciona como um tipo de “anestesia emocional”.

Ablow acredita que essa substituição simbólica só adia e amplifica um confronto inevitável com a realidade. Segundo ele, se fosse apenas uma paixão por colecionar bonecas, o impacto emocional seria menor. Mas, quando a boneca ocupa um espaço de maternidade, a ilusão pode acabar custando caro no futuro.

O tema é delicado e carrega camadas. Há quem adote as reborn após um trauma, perda gestacional ou infertilidade. Outras simplesmente encontram na experiência um espaço de afeto – ou fazem por vontade própria.

Diante desse cenário, vale refletir sobre o impacto da solidão na vida adulta, em um mundo cada vez mais individualista e hiperconectado, porém emocionalmente vazio.

Afinal, o uso simbólico de objetos como forma de preencher ausências emocionais não é novo e, embora o tema gere diferentes opiniões, uma coisa é certa: essas pessoas estão tentando comunicar algo. Mesmo que através do silêncio das bonecas. Pode ser dor. Pode ser amor. Pode ser apenas o desejo de não se sentir invisível.


Mães de bonecas reborn: amor ou psicopatia?

Quero fazer uma abordagem um pouco mais profunda acerca deste delicado tema.

Amor ou psicopatia?

Psicopatia é toda e qualquer doença de ordem mental, um distúrbio grave, que se expõe na incapacidade de relacionar com seres humanos ou manter laços de afetividades profundas com pessoas reais. Talvez esse ‘desajuste’ explique o fenômeno reborn.

Amor é amor, por mais redundante que seja essa frase ou definição.

Não me causa surpresa ou incômodo social assistir uma criança, uma adolescente, uma jovem, uma mulher ou até mesmo uma idosa, brincar e interagir com uma boneca reborn, caso seja tratada como ela é na realidade: uma boneca.

Não há nenhum mal nessa relação.

É salutar brincar e sonhar, desde que a brincadeira não se confunda e ganhe espaço em cima da realidade.

Ela não pode sobressair ou ganhar espaço num mundo real.

Quando a fantasia ocupa o espaço real, temos uma psicopatia.

Para quem não sabe, uma boneca reborn é uma boneca renascida (daí o termo Reborn) de cunho artístico, feita à mão e que se assemelha a uma criança humana com o máximo de realismo possível. O processo de criação de uma boneca reborn é conhecido como ‘system ou create reborn’ e os artistas das bonecas são chamados de ‘reborners’.

Cada uma custa entre R$ 4.000,00 a R$ 28.000,00 e tem a sua origem na China e nos Estados Unidos na década de 90.

Tratar, amar e entregar amor, tempo, cuidado e atenção a uma boneca reborn, como boneca, não tem nada de mais e não há nenhum problema.

O problema nasce quando a ‘mãe’ ou cuidadora leva esse cuidado e carinho longe demais e trata a BONECA como se fosse uma criança de verdade.

E ela não é.

Essa interação expõe uma grave doença mental, mesmo que as ‘mães ou cuidadoras’, ou familiares mais próximos, não percebam.

Trocar uma criança por uma reborn, me desculpe a franqueza, mas isso não é normal.

Uma reborn, por mais realista que seja, ela só cresce alguns centímetros, ela precisa de comandos, via chip, para manter uma mínima condição de interação, como sorrir, sugar uma chupeta, fazer cara feia, discordar ou concordar e algumas mais avançadas andam e até balbuciam palavras.

No ‘início’ é tudo novo e legal, diversão raiz…

Mas quando a ficha cair e o amor precisar se expandir, crescer e amadurecer, os traumas virão.

Preste bastante atenção: a reborn não vai para a escola, jamais irá para uma faculdade, nunca irá se formar, jamais irá casar ou reproduzir, jamais irá crescer, e os traumas e as decepções ganharão os lugares do que era alegria e empatia.

A “mãe ou cuidadora” será confrontada com a realidade e as decepções suplantaram a alegria do início daquela “relação inocente”.

Como terapeuta, afirmo sem nenhuma sombra de dúvidas: as ‘mães ou cuidadoras’ que trocam o amor de uma criança por uma reborn precisam urgentemente de cuidados médicos, e de preferência, mentais.

É falsa, em caixa alta proposital, relatos nas redes sociais de que bonecas reborn foram atendidas em hospitais ou clínicas de saúde, públicas ou privadas.

Nem no Brasil e nem fora dele, nenhum médico, em sã consciência, atenderia, medicaria, prescreveria ou atestaria um atendimento para uma BONECA, por mais realista que ela seja.

Ah, não ser que os médicos tenham atendido a ‘mãe ou cuidadora’ como pacientes psiquiátricas.

E fim de história.




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Léo Vilhena

Editor-Chefe e Jornalista da Rede GNI | Twitter  (X) @LeoVilhenaReal

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