Este texto, de fato, é muito pessoal. E a intenção de me expor, falando a verdade, é porque estou cansado de carregar um fardo nas costas que não é meu. O peso de ter que surpreender ou produzir textos marcantes, quiçá brilhantes, todos os dias, coloca sobre os meus ombros uma verdade que está longe de ser correta. Escuto diariamente: “Você é muito inteligente.“
Deixe-me explicar, para que você compreenda a minha agonia. As pessoas esperam de mim algo que talvez eu não seja capaz de entregar a elas.
Dizem que eu fiz Teologia, até o Doutorado, como prova da minha inteligência. E não é. Eu fiz porque o meu sonho de infância era ser pastor, o que fui por 25 anos, até que veio o AVC.
Dizem que eu fiz Psicologia como uma demonstração de genialidade. Também não é. Eu cursei Psicologia para ter mais segurança e atender com mais preparo os membros da minha antiga igreja, que me procuravam para aconselhamentos no gabinete pastoral. A verdade é que meu caminho sempre foi pautado mais pela necessidade de servir do que pela vaidade de parecer.
Dizem que eu fiz Comunicação Social com habilitação em Jornalismo como mais uma prova da minha inteligência. Também não é verdade. Fiz porque o Jornalismo é uma paixão antiga. Eu respiro Jornalismo, acordo com pautas na cabeça e durmo pensando em manchetes. Pode parecer exagero, mas é mais vício que virtude.
Agora, para que fique bastante claro: eu não sou inteligente. Sou apenas um homem esforçado, que busca conhecimento na base de muita dedicação. E só isso já deveria ser suficiente para quem olha com o coração e não com a régua dos títulos, de que não sou um gênio.
Dizem que sou programador, desenvolvedor e designer de WordPress genial, mais uma vez como se isso provasse minha inteligência. E não é. Apenas tenho paixão por programar, por ser desafiado pela lógica e pelos algoritmos. Me esforço diariamente para aprender com o mestre Anísio Jr. Ele sim, é um gênio. Eu, sou apenas um aluno aplicado.
Dizem que a prova final da minha inteligência é o fato de eu ter escrito 158 livros, entre físicos e eBooks, todos editados e publicados. É verdade que sou prolixo ao escrever, passo meus dias trabalhando, escrevendo, programando e estudando. Já confessei, sofro de workaholic, fui diagnosticado por um psiquiatra. Trabalhar é o meu ar, a minha cachaça. Mas escrever tanto não prova inteligência, apenas mostra que sou insistente. Adoro livros, adoro escrever. Foi um processo natural que começou em 1989, quando publiquei meu primeiro livro em 1990, datilografado numa máquina Olivetti que conservo até hoje como troféu de um tempo sem internet e com muita coragem.
Acabei de receber, aos 54 anos, meu certificado do P-MBA em Inteligência Artificial para Negócios e Jornalismo, pela Faculdade Saint Paul. Não tenho vergonha de admitir: minha cabeça deu um nó em quase todo o treinamento. Foi muito difícil assimilar todo o conteúdo, não foi fácil.
Ainda assim, sigo motivado a aprofundar meus conhecimentos. A tecnologia está transformando o mundo e quero estar preparado para usá-la de forma ética, estratégica e criativa, especialmente nas áreas em que atuo, por isso, todo o meu esforço.
Tudo o que te contei até aqui é para refutar com ênfase a ideia de que sou inteligente. Repetirei: não sou inteligente. Sou um homem esforçado que busca conhecimento com muita dedicação. Apenas isso.
E posso provar que não sou inteligente:
1. Não consigo entender como um homem pode sentir atração por crianças. A questão da pedofilia não entra nem sequer processa na minha cabeça.
2. Não consigo entender como um homem humilha, cospe ou bate em uma mulher. Isso não faz o menor sentido para mim.
3. Não consigo entender como um homem pode fingir ser o que não é apenas para alcançar fama ou status. Para mim, esse tipo de gente é um mentiroso patológico, um farsante com a alma apodrecida.
4. Estupradores? Como podem existir? Com tanta mulher no mundo, como alguém pode optar por uma violência tão bárbara e covarde? Não entra na minha cabeça.
Esses são apenas alguns exemplos que provam que não sou inteligente. Porque inteligência, para mim, está ligada à sensibilidade, à empatia, ao senso de justiça. E há muita gente com diploma que não tem nada disso.
Sou apenas um homem esforçado, que luta todos os dias para conquistar o pão de cada dia, tentando manter a dignidade em um mundo que valoriza mais o brilho do que o suor. E se ainda assim alguém insistir em me chamar de inteligente, que ao menos saiba: a única prova que posso oferecer é a minha persistência em continuar, mesmo quando tudo me convida a desistir.