A dura realidade do jornalista independente no Brasil

Esse é um desabafo profundo de um ser que vive no limite. Ser jornalista independente no Brasil, nos dias de hoje, é caminhar por um campo minado onde a verdade custa caro e a liberdade tem preço.

Em um país que atravessa profundas fraturas institucionais, ideológicas e morais, a figura do comunicador autônomo se tornou ao mesmo tempo incômoda, necessária e vulnerável. Não há proteção, não há rede de apoio. O que há, na maioria dos casos, é um abismo entre o dever de informar e o direito de existir em segurança.

O jornalista independente não conta com os recursos de uma grande redação, tampouco com o respaldo jurídico ou político que protege certos veículos tradicionais. Vive, muitas vezes, de doações, de parcerias frágeis ou da própria fé na missão que escolheu cumprir.

Trabalha em meio à escassez, mas com abundância de riscos. Recebe ameaças veladas e explícitas. É vigiado, censurado, desmonetizado, criminalizado. E ainda assim insiste, porque sabe que, se calar, o silêncio será ocupado pela propaganda, pela desinformação e pela covardia.

Os conflitos vividos por esses profissionais vão muito além da instabilidade financeira. São dilemas morais profundos. É o peso de denunciar aquilo que poucos querem ouvir.

É a solidão de falar a verdade quando ela se tornou impopular. É o medo diário de ver sua liberdade retirada por um mandado judicial, uma decisão arbitrária ou um processo forjado. É a sensação de lutar com palavras enquanto o sistema usa algemas.

A mídia independente no Brasil passou a ser uma trincheira, não por escolha, mas por sobrevivência. Quando os grandes meios se curvam ou se omitem, é esse jornalista anônimo, com celular na mão e coragem no peito, que registra o que a história oficial tentará apagar.

Ele não tem crachá reluzente, mas carrega o que resta de credibilidade em tempos de cinismo generalizado.

Por trás de cada vídeo publicado, de cada texto escrito, há um sacrifício. O sacrifício de uma vida pessoal abalada, de noites insones, de família exposta, de reputação atacada por aqueles que detêm o poder e temem a exposição.

O jornalista independente virou alvo porque não deve favores. E, no Brasil de hoje, quem não deve favores representa perigo.

O jornalista independente não viva das tetas do governo e nem recebe dinheiro das estatais sequestradas por ideologias nefastas.

A democracia não se mede pelo número de urnas, mas pela liberdade de seus cronistas. E quando os cronistas livres se tornam perseguidos, algo está profundamente errado.

O jornalismo, em sua essência, é um ato de resistência. E resistir, neste país, virou crime não tipificado.

Enquanto o poder tenta silenciar quem incomoda, resta ao jornalista independente continuar falando. Porque calar é consentir. E consentir é trair não apenas a profissão, mas o compromisso inegociável com a verdade.

Mesmo quando ela dói. Mesmo quando ela custa a própria paz.

No fim, o jornalismo independente no Brasil é um espelho da própria nação: combalido, solitário, mas ainda em pé.

E enquanto houver uma voz que se recuse a mentir, ainda haverá esperança de que um dia sejamos dignos da liberdade que fingimos celebrar.

Léo Vilhena

Autor

  • "Os comentários constituem reflexões analíticas, sem objetivo de questionar as instituições democráticas. Fundamentam-se no direito à liberdade de expressão, assegurado pela Constituição Federal. A liberdade de expressão é um direito fundamental garantido pela Constituição Federal brasileira, em seu artigo 5º, inciso IV, que afirma que "é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato"


    O AUTOR | Fundador da Rede GNI, atuou como jornalista e repórter por 25 anos, com passagens pelas redações do Jornal Unidade CristãRevista MagazineRede CBCRede Brasil e Rede CBN/MS. Autor de diversos livros — impressos e e-books — recebeu o Prêmio de Jornalista Independente em 2017, concedido pela União Brasileira de Profissionais de Imprensa, pela reportagem “Samu – Uma Família de Socorristas”. Também foi agraciado com três Moções de Aplausos, concedidas pelas Câmaras Municipais de Porto Murtinho, Curitiba e Campo Grande.

    Foi o primeiro fotojornalista a chegar à Rodoferroviária de Curitiba, na madrugada de 5 de novembro de 2008, quando o corpo da menina Raquel Genofre foi encontrado abandonado sob a escada, dentro de uma mala.

    Em 2018, cobriu o Congresso Nacional.

    É formado em Teologia (Bacharelado, Mestrado e Doutorado), Psicologia (Bacharelado) e Comunicação Social com habilitação em Jornalismo. Realizou diversos cursos na área de Jornalismo, com destaque para o P-MBA em Inteligência Artificial para Negócios, pela Faculdade Saint Paul. Tem conhecimentos em Programação e Design, com domínio de WordPress, HTML e JavaScript.

    Aos 54 anos, é pai de sete filhos e avô de três netas. Atualmente, além de Editor-Chefe da Rede GNI, mantém a coluna Ponto de Vista, com artigos de opinião.


    NOTA | Para que fique bem claro: Utilizo a Inteligência Artificial em todos os meus textos, APENAS, para corrigir eventuais erros de gramática, ortografia e pontuações.

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