O cinema perde sua musa: morre Brigitte Bardot, aos 91 anos

Estrela mundial nos anos 1950 à 1970, Bardot abandonou o cinema para se dedicar à defesa dos animais

Últimas atualizações em 28/12/2025 – 08:13 Por Redação GNI

A atriz e cantora francesa Brigitte Bardot morreu aos 91 anos. A informação foi divulgada neste domingo pela fundação que leva o seu nome. Até o momento, não foram informados a causa da morte, nem o local ou o horário do falecimento.

Em nota enviada à agência AFP, a Fundação Brigitte Bardot comunicou o falecimento de sua fundadora e presidente. O texto destaca que Brigitte Bardot foi uma atriz e cantora de reconhecimento mundial, que decidiu encerrar uma carreira consagrada para dedicar sua vida e sua energia à defesa dos animais e ao trabalho desenvolvido por sua fundação.

Brigitte Anne Marie Bardot nasceu em Paris no dia 28 de setembro de 1934. Formou se em balé clássico no Conservatório Nacional de Música e Dança antes de ser descoberta pelo cinema. Aos 15 anos, já aparecia em capas de revistas como a Elle, dando início à sua trajetória como modelo.

Estreou nas telonas em 1952, no filme “A Garota do Biquíni”, mas foi em 1956 que ganhou fama mundial com “E Deus Criou a Mulher”, dirigido por seu então marido, Roger Vadim. O longa, repleto de sensualidade e ousadia para a época, foi censurado em Hollywood — o que apenas aumentou sua popularidade.

Descrita como “a mulher que inventou Saint-Tropez”, Bardot transformou-se em um ícone da liberdade sexual feminina, desafiando padrões conservadores e provocando escândalos onde passava. Em 1957, padres em Nova York chegaram a pedir que fiéis boicotassem seus filmes, e o Vaticano a classificou como “má influência”. O resultado foi o oposto: as filas nos cinemas só cresceram.

Durante sua carreira, Bardot atuou em mais de 45 filmes e gravou 70 músicas, tornando-se referência estética e cultural. Ela criou a “pose Bardot” — sentada, pernas cruzadas e olhar provocante — e popularizou o decote ombro a ombro, que até hoje leva seu nome.

Em 1964, Brigitte Bardot transformou Búzios, na Região dos Lagos, Rio de Janeiro, em destino turístico famoso. Ela visitou a cidade pela primeira vez em janeiro, retornando no final daquele ano. Veio fugindo dos holofotes e encontrou na vila um refúgio, ficando por cerca de quatro meses na primeira visita com o então namorado, o franco-marroquino-brasileiro Bob Zagury.

A segunda visita, no entanto, foi marcada pela perseguição de repórteres e fotógrafos, o que a levou a partir. Bardot mexeu com a economia da cidade, que batizou a beira-mar de Orla Bardot, e instalou uma estátua de bronze em sua memória.

A atriz teve quatro casamentos: com Roger Vadim (1952–1957), Jacques Charrier (1959–1962), Gunter Sachs (1966–1969) e Bernard d’Ormale, seu atual marido desde 1992. Com Charrier, teve seu único filho, Nicolas-Jacques, em 1960, mas manteve uma relação conturbada.

— Não fui feita para ser mãe — admitiu Bardot anos depois. — Adoro animais e crianças, mas nunca fui adulta o suficiente para cuidar de uma criança.

Nicolas foi criado pela família paterna e só se reconciliou com a mãe décadas depois, em 1996.

Apaixonada e impulsiva, Bardot também viveu romances com o cantor Sacha Distel e com o ator Warren Beatty. — Sempre busquei paixão — disse ela. — Quando ela acabava, eu fazia as malas.

Após se aposentar do cinema em 1973, aos 39 anos, dedicou sua vida ao ativismo pelos direitos dos animais, criando a Fundação Brigitte Bardot em 1986. A organização atua em resgate, proteção e campanhas de esterilização. Vegetariana convicta, chegou a doar mais de £ 90 mil (R$ 657 mil) para ajudar cães de rua em Bucareste e ameaçou se mudar para a Rússia após um zoológico francês negar tratamento a dois elefantes doentes.

Apesar da carreira humanitária, sua imagem se viu novamente cercada por polêmicas. Em 2004, foi condenada por incitação ao ódio racial em um livro.

— Bardot é Bardot — disse a escritora Marie-Dominique Lelièvre, amiga próxima. — Ela desafia qualquer definição.

ARTES


Estátua de Brigitte Bardot em Búzios — Foto: Letícia Pontual
Estátua de Brigitte Bardot em Búzios — Foto: Letícia Pontual

Redação GNI

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