Acordo “por baixo dos panos” tira Moraes de sanções americanas

No programa Última Análise desta segunda-feira (15), os comentaristas falaram a respeito da decisão do governo americano de retirar os nomes do ministro Alexandre de Moraes e de sua esposa, Viviane Barce de Morais, da lista de sancionados pela Lei Magnitsky. A motivação para a decisão ainda permanece incerta e se especula desde a exploração de terras raras por empresas americanas, o arrefecimento da tributação das “big techs” e até uma mudança de tom na relação com a China.

O ex-procurador Deltan Dallagnol afirma que, no caso, venceu a “política pragmática” do presidente Donald Trump. “Acredito que, a qualquer momento, pode vir à tona alguma concessão brasileira por baixo dos panos, relativa a possíveis terras raras. Também não me surpreenderia que ocorra uma solução para a saída de Maduro do poder”, ele avalia.

Logo após o anúncio, Moraes foi a presença mais marcante do lançamento do canal de notícias “SBT News”, onde agradeceu, inclusive, o presidente Lula pelo esforço na suspensão das sanções americanas. Ainda, o ministro classificou a decisão dos Estados Unidos como uma “vitória do Judiciário brasileiro”.

“É como se nada estivesse acontecendo. Ele vai a um evento de um grande canal de comunicação, senta-se à primeira fila, faz um discurso de natureza política, não cita um dispositivo constitucional, agradece pessoalmente o presidente da República e, em resposta, é agraciado por ele”, lamentou o professor da FGV Daniel Vargas.

Carla Zambelli: o jogo de forças com STF

A deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) comunicou neste domingo (14) à Câmara dos Deputados a renúncia ao seu mandato. A parlamentar está detida desde julho deste ano, na Itália, onde buscava asilo político após ter tido emitido contra si um mandado de prisão por ordem de Moraes. A atitude de Zambelli foi vista como uma possível saída à perseguição do STF, buscando reforçar seu pedido de extradição.

“Ela obteve um ganho positivo, que foi a decisão do plenário de não cassá-la. Então, obviamente, do ponto de vista político, isso a fortaleceu. Ela tem a tese, na Itália, de que foi condenada por perseguição política, de que o pedido de extradição tem fundo político”, diz o ex-juiz de Direito Adriano Soares da Costa.

Direita vence no Chile

Confirmando o favoritismo nas pesquisas, o candidato de direita, José Antonio Kast (Partido Republicano), venceu o segundo turno das eleições para presidente do Chile neste domingo, com quase 20 pontos de vantagem sobre a candidata governista Jeannete Jara (Partido Comunista). Kast prometeu menos intromissão do Estado na economia e endurecimento no combate ao crime, além de aumento do controle das fronteiras, para frear a imigração ilegal.

Vargas afirma que o episódio traz duas lições importantes para o Brasil. “A primeira é a de que o velho discurso de Estado social, que nem a velha Europa parece querer abraçar, está em crise no mundo inteiro e sobrevive com a ajuda de aparelhos. A segunda é que a agenda da segurança pública se tornará cada vez mais importante”, explica ele.

O programa Última Análise faz parte do conteúdo jornalístico ao vivo da Gazeta do Povo, no YouTube. O horário de exibição é das 19h às 20h30, de segunda a sexta-feira. A proposta é discutir de forma racional, aprofundada e respeitosa alguns dos temas desafiadores para os rumos do país.