O Brasil não tem jeito
Antes de cancelar esse texto, leia até o fim.
Últimas atualizações em 08/12/2025 – 08:44 Por Redação GNI
Logo de saída, deixa eu te avisar que este texto vai desagradar a muitos, vai irritar dezenas, será cancelado por centenas e milhares, média da Rede GNI, e talvez até tentem me cancelar. Nada disso vai me impedir de escrever o que penso e, mesmo com tristeza no coração, externar uma ou várias verdades incômodas que muita gente não tem coragem de admitir. Prefiro ser odiado por falar a verdade do que aplaudido por sustentar ilusões.
Estamos conversados?
Lá vem a primeira pedrada. O Brasil não tem jeito.
Calma que vou explicar. Não faça julgamentos precipitados.
Repito com absoluta tranquilidade esta afirmação. O Brasil, do jeito que está, não tem jeito. Não adianta dourar a pílula, não adianta inventar esperança artificial. A estrutura está corroída por dentro.
Ao fechar o Congresso Nacional, porque na prática foi exatamente isso que Gilmar Mendes fez com uma canetada monocrática, inconstitucional e diabólica, ele apenas concluiu um plano que já vinha sendo articulado desde o começo da sanha persecutória dos ministros supremos. Tudo começou quando o iluministro decidiu barrar a indicação presidencial de Alexandre Ramagem para a direção da Polícia Federal. Ali estava a semente do autoritarismo que cresceu diante dos nossos olhos enquanto muitos fingiam normalidade.
Foi ali que tudo começou.
Se tivéssemos reagido, nada do que aconteceu nas terras brasileiras teria escalado do jeito que escalou. Nada. Cada ato de omissão virou combustível para quem sempre desejou mandar no país sem prestar contas a ninguém.
Mas não adianta chorar o leite derramado. Deveríamos ter limpado o fogão lá atrás, mas o brasileiro não sabe ou não quer limpar. E pior, acredita que a sujeira some sozinha. É o espírito do deixa disso que destruiu gerações inteiras.
Metáforas à parte, ficar gritando em vez de agir, demonstrar indignação seletiva ou gravar vídeos que até alcançam milhares de visualizações não muda absolutamente nada na realidade do país. Continuaremos reféns e ajoelhados diante de um supremo maquiavélico que se fortalece toda vez que encontra uma população acuada e um Congresso acovardado. Escrevi de joelhos para não escrever de quatro e sendo ‘enrrabados’…
Seja por medo da justiça, rabo preso com o STF ou incapacidade de agir, gritarias, indignações e videozinhos não salvarão o Brasil. Ponto. A verdade é dura, mas libertadora: enquanto a ação for substituída por espetáculo, nada mudará.
E não me digam que isso ajuda, sensibiliza ou desperta a população para ir às ruas. Não desperta. Não comove. Não muda nada. Não serve para nada, e peço licença poética por dizer isso com todas as letras: ajuda em nada, poha. O povo até escuta, mas já não reage, porque está cansado de promessas vazias.
Estou farto de gritos, berros, histerias, textos intermináveis, vídeos repetitivos, mesas redondas, análises vazias e promessas de reação feitas por parlamentares frouxos, medíocres e omissos. 90% deles são uns babacas. Eles não entregam nada além de discursos decorados e lives mornas para manter relevância digital.
Eles sim teriam armas e poderes para paralisar tudo. Congresso, Brasil, Executivo, Legislativo e até o Judiciário. Mas não. Preferem gritos, berros e ações midiáticas que só servem para parecer oposição, quando no fundo não passam de figurantes de luxo nesse teatro deprimente. Já ouviu falar em Teatro das Tesouras?
Travar tudo seria o mínimo. Paralisar o Brasil seria o mínimo. Obrigar os presidentes das casas a pautarem o impedimento de dois ou mais ministros mudaria o destino do país, e quero ver o Brasil não voltar aos trilhos se isso fosse feito com coragem. Mas coragem é artigo raro em Brasília.
“Ah Léo, mas o Trump…”
Trump é a minha rola de quinze centímetros. O próprio advogado do Donald John Trump, Martin De Luca, já disse que o brasileiro precisa reagir no Brasil e parar de esperar que a salvação venha de fora, quando ela precisa nascer aqui dentro. A dependência emocional do estrangeiro virou vício nacional.
Chega de ilusões. Chega de textões. Chega de vídeos. Parem o Brasil, por favor. Parem enquanto ainda temos país para salvar.
Com raríssimas exceções, com “marios e frias” raríssimas, não respeito mais nenhum deputado federal. Não respeito mais nenhum senador, que não travarem o Brasil e, mesmo correndo risco de liberdade ou vida, não impedirem o Congresso de seguir funcionando como se nada estivesse acontecendo. Foi para isso que elegemos esses covardes. As dezenas de deputados e senadores que me seguem podem ficar à vontade para me dar unfollow. Não vou recuar nas minhas palavras. Covardia não se mascara com sorriso e discurso bonito.
Homens ou mulheres, transformers ou gays, não me importa porque não discrimino ninguém. Mas não aceito covardes. Não aceito gente que tem a caneta, tem poder, tem mandato e se esconde atrás de assessores, textos e vídeos. Cortes. Se estão lá, foi porque quiseram. As benesses do cargo vêm acompanhadas de obrigações, e várias delas começam por libertar Bolsonaro, libertar os presos políticos e anistiar meus irmãos que estão fora do país, exilados, todos eles, de Ramagem a Allan. Da juíza ao jornalista.
Nunca critiquei por terem saído do Brasil. Pelo contrário. Aplaudi e ria com os vídeos do Allan na Disney desafiando o sancionado. Eram geniais, quase antológicos. Pena que acabaram. Ali havia ousadia, havia verdade, havia vida.
Mas os parlamentares seguem apenas parlando e sem ações efetivas.
Falam, mas não agem. Falam, mas não travam nada. Falam, mas não entregam o mínimo. Não representam ninguém além de si mesmos.
Desculpem o desabafo. Estou cansado de ‘estorinhas’. Cansado da covardia polida que domina Brasília. Cansado de ver o país à beira do abismo enquanto quem poderia agir se preocupa apenas com curtidas, palcos e privilégios.
Léo Vilhena
