Trump pediu para Japão “baixar o tom” com a China

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, teria aconselhado a premiê do Japão, Sanae Takaichi, a “moderar” suas declarações sobre Taiwan após uma conversa telefônica com o ditador chinês, Xi Jinping, segundo informou uma reportagem do The Wall Street Journal nesta quinta-feira (27). De acordo com o jornal, Xi demonstrou forte irritação com Tóquio, e o tema dominou metade da ligação de uma hora com Trump.

Segundo o jornal, autoridades japonesas e uma fonte americana informada sobre a conversa afirmaram que Trump telefonou para Takaichi no mesmo dia da ligação com Xi. Durante o contato, o presidente americano teria sugerido que ela “baixasse o tom” em declarações relativas à soberania de Taiwan, embora não tenha solicitado que a premiê recuasse publicamente das falas que irritaram Pequim.

As declarações de Takaichi ocorreram no começo deste mês. Ela disse que que o Japão poderia mobilizar suas Forças de Autodefesa caso a China lançasse um ataque contra o território taiwanês. A fala gerou reação imediata de Pequim, com medidas econômicas e diplomáticas contra Tóquio e uma escalada de críticas de autoridades chinesas.

O jornal relata que Xi afirmou a Trump que “Taiwan deve retornar à China” e que esse seria um pilar da ordem internacional do pós-guerra. O ditador chinês também reforçou na ligação que Washington e Pequim têm responsabilidade conjunta na estabilidade global.

Na resposta enviada ao Wall Street Journal, A Casa Branca evitou comentar diretamente a orientação dada por Trump a Takaichi e destacou apenas o bom relacionamento com ambos os aliados.

“A relação dos Estados Unidos com a China é muito boa, e isso também é muito bom para o Japão, nosso querido e próximo aliado”, afirmou. O governo americano também acrescentou que Xi deve aumentar as compras de soja e outros produtos agrícolas americanos, negociadas por ambos os governos no período de distensão com Pequim.

A Casa Branca reforçou na nota que o governo Trump busca preservar acordos comerciais recentemente firmados com a China, o Japão e a Coreia do Sul, alegando que “o mundo está em paz” e que manter essa estabilidade é prioridade.

O gabinete da primeira-ministra japonesa negou, porém, que Trump tenha pedido para ela evitar provocações à China. Uma porta-voz afirmou ao WSJ que tal orientação “não foi feita”.