O amistoso em Lille, na França, entregou ao torcedor brasileiro aqueles noventa minutos que mais parecem um teste de paciência do que um ensaio para a Copa de 2026. O Brasil saiu de campo com um empate insosso diante da Tunísia por 1 a 1, mas o placar até foi generoso diante do que a Seleção apresentou.

Os africanos abriram o marcador aos 22 minutos, quando Mastouri recebeu livre na área e deslocou Bento com a tranquilidade de quem passeia num fim de tarde. O empate veio só aos 43, quando Estêvão, frio como veterano, converteu um pênalti confirmado pelo VAR.

Se contra Senegal o Brasil ainda mostrava lampejos de imaginação, diante da Tunísia a criatividade ficou presa no vestiário. O primeiro tempo se arrastou em chutes tímidos de fora da área, quase pedidos de desculpa travestidos de finalização.

Enquanto isso, os tunisianos apostavam em contra ataques fulminantes, sempre com Abdi avançando pela esquerda. Num desses contra ataques, Wesley errou o tempo da jogada e abriu o caminho para o lançamento que encontrou Mastouri pronto para marcar.

A volta do intervalo trouxe Danilo e Vitor Roque, mas não trouxe futebol. A Seleção parecia sonolenta, previsível, incapaz de acelerar o jogo. Ironia do destino, a grande jogada brasileira do segundo tempo nasceu de insistência individual: Estêvão pressionou Sassi, tomou a bola na marra e arrancou o pênalti aos 32 minutos.

Era o roteiro perfeito para a virada. Mas Carlo Ancelotti decidiu entregar a bola a Lucas Paquetá, que isolou a cobrança como quem despacha a esperança para muito longe.

No fim, ficou a sensação de um Brasil que ainda busca identidade, intensidade e, sobretudo, coragem para se impor. Porque empatar com a Tunísia não é o problema. O problema é jogar como se o empate fosse o máximo possível.