A explosão que sacudiu o deserto: como foi o 'Divider', o último teste nuclear dos EUA, há 33 anos
Últimas atualizações em 31/10/2025 – 00:25 Por G1 Mundo
     Trump ordena a volta dos testes nucleares
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou na quarta-feira (29) que determinou a retomada dos testes com armas nucleares. O último deles foi realizado em 23 de setembro de 1992, quando os EUA conduziram o “Divider” em um deserto no oeste do país.
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▶️ Contexto: Trump afirmou que pediu ao Departamento de Guerra para retomar imediatamente os testes com armas nucleares “em igualdade de condições” com a Rússia e a China. O presidente não deu mais detalhes sobre a ordem.
Ainda não está claro se a retomada dos testes incluirá explosões nucleares, algo que os EUA não realizam há 33 anos.
Recentemente, assim como China e Rússia, os EUA fizeram exercícios com armas convencionais capazes de transportar ogivas nucleares, mas sem uso de material atômico.
O último teste nuclear conhecido foi realizado pela Coreia do Norte, em setembro de 2017, quando o regime de Kim Jong-Un afirmou ter detonado uma bomba de hidrogênio.
Torre levantada para o teste Divider, em setembro de 1992
Laboratório Nacional Los Alamos
☢️ Os EUA foram responsáveis pelo primeiro teste nuclear do mundo, na chamada “Experiência Trinity”, em 16 de julho de 1945. Menos de um mês depois, os norte-americanos bombardearam o Japão com duas bombas atômicas que devastaram as cidades de Hiroshima e Nagasaki.
Mesmo após o fim da Segunda Guerra Mundial, os EUA continuaram investindo em armas nucleares, principalmente no contexto da Guerra Fria e da corrida armamentista com a União Soviética. Entre 1945 e 1992, o país realizou 1.054 testes com armamento atômico.
💥 O último teste ficou conhecido como “Divider”, que é uma espécie de compasso também chamado de “divisor”. À época, os EUA usavam nomes aleatórios nos ensaios para tentar manter certo sigilo nas operações. Séries com nomes de pássaros e árvores, por exemplo, foram usadas.
O Divider foi o último na série de oito testes nucleares da Operação Julin, feita entre 1991 e 1992.
O experimento foi conduzido pelo Laboratório Nacional de Los Alamos, em um deserto de Nevada, a menos de 160 km da cidade de Las Vegas.
A bomba atômica foi colocada em um poço com mais de 400 metros de profundidade e detonada às 15h04 UTC (12h04, pelo horário de Brasília) do dia 23 de setembro de 1992.
A explosão provocou um terremoto de magnitude 4,4, segundo o Serviço Geológico dos Estados Unidos.
Estimativas indicam que a bomba gerou uma energia de 5 quilotons, o que equivale a 5 mil toneladas de TNT — cerca de um terço da bomba de Hiroshima.
Infográfico mostra teste ‘Divider’ nos EUA
Juan Silva/Arte g1
🔎 Segundo o Laboratório Nacional de Los Alamos, o Divider nunca foi planejado para ser o último teste nuclear dos Estados Unidos. Uma série de fatores contribuiu para que o país abandonasse operações do tipo.
Em 1992, a União Soviética já havia se desfeito, e o mundo discutia a restrição completa de testes nucleares.
Nesse contexto, o Congresso dos EUA começou a debater um projeto de lei para suspender a realização de experimentos.
Pouco mais de uma semana após o Divider, o então presidente George H. W. Bush assinou um memorando que suspendia os testes subterrâneos por nove meses, mas autorizava a realização de até outros 15 até setembro de 1996.
À época, o Laboratório de Los Alamos já tinha uma estrutura pronta para realizar mais uma detonação pela Operação Julin, que seria batizada de “Icecap”.
No ano seguinte, Bill Clinton, que havia acabado de assumir a Casa Branca, assinou um documento renovando a suspensão por tempo indeterminado.
A torre construída para o Icecap continua em pé até hoje e nunca foi efetivamente usada para testes nucleaes.
Em 1996, dezenas de países assinaram o Tratado de Proibição Total de Testes Nucleares (CTBT), com objetivo de colocar um fim definitivo nas explosões nucleares em todo o mundo. Apesar dos EUA terem assinado o acordo, o texto nunca foi ratificado pelo Congresso.
Explosão no teste Divider provocou terremoto de magnitude 4,4, em 23 de setembro de 1992
Wikimedia Commons
Trump determina retomada
Trump usou uma rede social para anunciar a retomada dos testes nucleares. A declaração foi feita depois de a Rússia fazer exercícios com duas armas nucleares, incluindo um torpedo submarino conhecido como “Poseidon”, capaz de provocar tsunamis radioativos.
“Os Estados Unidos têm mais armas nucleares do que qualquer outro país. Isso foi alcançado, incluindo uma atualização e renovação completa das armas existentes, durante o meu primeiro mandato”, escreveu Trump na Truth Social.
“A Rússia está em segundo lugar, e a China vem bem atrás, mas estará em pé de igualdade dentro de cinco anos”, continuou.
“Devido aos programas de testes de outros países, instruí o Departamento da Guerra a começar a testar as nossas armas nucleares em igualdade de condições. Esse processo terá início imediatamente.”
Horas depois, China e Rússia reagiram ao anúncio. Os chineses fizeram um apelo para que os EUA não conduzam experimentos nucleares, enquanto os russos afirmaram que farão o mesmo caso os americanos testem seus armamentos.
Já a Organização do Tratado de Proibição Completa de Testes Nucleares (CTBTO, na sigla em inglês), que regula o uso de armas nucleares no mundo, afirmou que qualquer teste do tipo poderia desestabilizar a segurança mundial.
Preparativos para o teste nuclear Divider, nos Estados Unidos, em 1992
Laboratório Nacional de Los Alamos
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