relembre polêmicas e trajetória do ativista
Últimas atualizações em 21/10/2025 – 05:56 Por Gazeta do Povo | Feed
O deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP), aos 43 anos, foi anunciado por Lula na noite desta segunda-feira (20) para chefiar a Secretaria-Geral da Presidência da República. Ele é considerado, por muitos, um possível sucessor político do presidente e substitui Márcio Macêdo (PT) neste cargo.
Boulos entra no governo para melhorar seu diálogo com as massas, um campo de atuação do parlamentar desde que era bastante jovem. A inclusão de Boulos no ministério pode ser uma estratégia de Lula para conter críticos dentro de sua própria base, incluindo alguns setores da esquerda que defendem um afastamento do governo.
Após assumir o cargo, Boulos declarou que sua missão é “colocar o povo na rua”. “Vou viajar para todos os estados, vou rodar o país e conversar com os movimentos sociais, com o povo”, disse Boulos à coluna de Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo.
O gabinete da Secretaria-Geral fica no Palácio do Planalto. A pasta é responsável pela interlocução do governo com movimentos sociais. Foi considerada um sucesso a mobilização da esquerda contra o Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que imunizava o Congresso Nacional contra o Supremo Tribunal Federal. O PSOL já tem representação na Esplanada com Sônia Guajajara, ministra dos Povos Indígenas.
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Formado em Filosofia pela Universidade Federal de São Paulo (USP), Boulos tem uma trajetória marcada pela defesa de pautas da esquerda. Com um perfil combativo, integra o Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) desde os 20 anos.
Ele acumula polêmicas à frente do movimento social, somando processos judiciais, abordagens policiais com desacatos e até detenções. Confrontando autoridades públicas e policiais militares, ganhou a pecha de “invasor de propriedade” por seus adversários e também a de que “nunca trabalhou”.
Coordenador nacional do MTST por muitos anos, Guilherme Boulos tentou ser presidente em 2018, quando somou 600 mil votos, e disputou o cargo de prefeito da capital paulista nas eleições de 2020 e 2024, alcançando mais de 2 milhões de votos em cada uma delas.
Em 2022, Boulos conquistou a primeira vitória nas urnas e foi eleito deputado federal pelo estado de São Paulo, o segundo mais votado do país, atrás apenas de Nikolas Ferreira (PL-MG).
Filiado ao Psol desde 2018, o deputado reverbera opiniões diversas nas redes sociais, onde utiliza uma linguagem direcionada ao público jovem e acumula milhões de seguidores. Na Câmara, os principais projetos de Boulos foram a tentativa de aumentar impostos sobre grandes fortunas e patrimônios e a ampliação das políticas de moradia popular.
Filho de bem remunerados pais médicos e professores, Boulos se especializou em Psicologia Clínica pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e fez mestrado em Psiquiatria pela USP.
Ele deu aulas na Faculdade de Mauá e na Escola de Educação Permanente do Hospital das Clínicas da USP. Tem um relacionamento estável há 16 anos com Natalia Szermeta, com quem tem duas filhas: Sofia e Laura.
Início da militância de esquerda
Cinco anos antes de integrar o MTST, quando tinha 15 anos, Boulos entrou no movimento União da Juventude Comunista (UJC). Ganhou notoriedade na imprensa no ano seguinte, ao liderar a ocupação de um terreno que pertencia à montadora de carros alemã Volkswagen, em São Bernardo do Campo (ABC Paulista), no reduto eleitoral de Lula.
Em 2013 e 2014, liderou movimentos contrários à realização da Copa do Mundo no Brasil. No mesmo ano, tornou-se colunista do jornal Folha de S. Paulo, onde permaneceu por três anos.
Mais recentemente, a atuação de Guilherme Boulos tem flertado com o empreendedorismo e se associado a uma pauta que dialoga com segurança e defesa. Boulos é autor do projeto que propõe a estatização da maior fabricante de armamento pesado do Brasil, a gigante em crise Avibras Indústria Aeroespacial.
Militância no MTST e ocupações
A participação de Boulos em ocupações de imóveis e terrenos vazios, por meio do MTST, é desde sempre um dos principais pontos de crítica por parte de seus adversários, que as consideram um desrespeito à propriedade privada.
Boulos e seus apoiadores sempre defenderam as ocupações de propriedades supostamente ociosas como um meio de luta por moradia. Os imóveis e terrenos que não cumpririam sua “função social” dariam ensejo às ocupações.
Em 2017, antes mesmo de concorrer em eleições, Boulos foi detido por desacato durante uma reintegração de posse em São Paulo.
Acusações e ataques durante campanhas
Em abril de 2024, Boulos foi condenado a pagar uma multa de R$ 53 mil por divulgar uma pesquisa eleitoral falsa durante a campanha daquele ano. A ação, movida pelo MDB, alegava que a pesquisa criava cenários inexistentes para induzir o eleitor ao erro.
Durante a campanha de 2024, o político e influenciador Pablo Marçal fez ilações sobre um suposto uso de drogas por Boulos, usando um processo antigo de um homônimo do candidato do PSOL. Boulos divulgou um exame toxicológico negativo e pediu a prisão de Marçal.
Boulos arquiva denúncia contra Janones
Em maio de 2024, Boulos arquivou uma denúncia de “rachadinha” (recebimento irregular de parte dos salários dos assessores) no gabinete do colega parlamentar André Janones (Avante-MG). As provas do Conselho de Ética indicavam que Janones tinha pedido parte da remuneração dos assessores para quitar dívidas de campanha.
Ao defender o arquivamento, Boulos declarou que o episódio teria ocorrido antes do mandato, e que haveria precedentes no conselho pelo arquivamento. “Não há quebra de decoro parlamentar se não havia mandato à época. O Judiciário fará o seu trabalho”, disse o deputado paulista.
Conflito Israel-Palestina
Boulos foi criticado por sua posição sobre o conflito Israel-Palestina, que foi usada por adversários para tentar associá-lo aos terroristas do Hamas. Em sua campanha de 2024, ele se esforçou para mitigar a polêmica, mas semm se posicionar claramente a favor de Israel.
Durante suas campanhas, Boulos sempre procurou adotar uma postura moderada e suavizar sua imagem política, o que provocou questionamentos de seus críticos sobre a autenticidade desta nova postura. No entanto, sua rejeição política em alguns setores ainda e sempre se mostra bastante alta.
O próprio Boulos já criticou o modo de fazer política do seu campo político, afirmando em 2020, que “a esquerda caiu no lugar comum de ir na periferia a cada quatro anos pedir voto”.
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