Senadores tentam criar grupo Brasil-Rússia com aliados de Putin

Senadores da Comissão de Relações Exteriores do Senado devem votar nesta terça-feira (14) a possível criação de um grupo de diplomacia parlamentar Brasil-Rússia. O relatório do senador Sérgio Petecão (PSD-AC) recomenda a criação do grupo e destaca como relevantes para o projeto encontros ocorridos entre parlamentares brasileiros e dois políticos russos aliados diretos do ditador Vladimir Putin e sancionados pelos Estados Unidos, além de diversas democracias do Ocidente por sua atuação na invasão da Ucrânia.

Os políticos russos citados por interação recente com os brasileiros são Vyacheslav Viktorovich Volodin, ex-assessor direto de Putin e atual presidente da Duma, equivalente à Câmara dos Deputados na Rússia, e Valentina Ivanovna Matviyenko, ex-governadora de São Petersburgo e presidente do Conselho da Federação da Rússia.

Os dois são alvos de sanções do Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC), órgão do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos que também sancionou o ministro do Supremo Alexandre de Moraes. Eles foram punidos por terem votado de forma favorável à invasão da Ucrânia no Parlamento russo. Volodin também agiu ativamente na anexação ilegal da Criméia pela Rússia em 2014.

Os dois também são alvos de sanções de Austrália, Bélgica e Nova Zelândia e Reino Unido.

A criação do grupo parlamentar vai aumentar a interação entre senadores brasileiros e políticos russos. Ele foi proposto pela senadora Dra. Eudócia (PL-AL), que justificou sua criação afirmando que o comércio entre Brasil e Rússia bateu récorde atingindo a causa de R$ 76 bilhões. A proposição da senadora não menciona que desse total só as importações brasileiras de diesel subsidiado, usado para financiar a guerra contra a Ucrânia, somou R$ 38 bilhões no período.

Essa é a segunda vez em cerca de um mês em que membros do parlamento russo investem em campanhas de informação e influência contra o Congresso brasileiro. Em setembro, o deputado russo Dmitry Kuznetsov, também sancionado pelos Estados Unidos, veio participar do II Fórum Brics “Valores Tradicionais”, realizado na Câmara entre os dias 16 e 17 de setembro.

Ele aproveitou o evento para tentar difundir propaganda de guerra afirmando que a Rússia não sequestrou mais de 19 mil crianças e adolescentes ucranianos, mas sim os protegeu dos conflitos. Estudos da Universidade de Yale Gazeta do Povo mostram que eles foram levados para campos de reeducação forçada e terinamento militar. Alguns foram mandados para adoção e nunca retornaram às suas famílias. Isso é considerado crime de guerra e rendeu um mandado de prisão a Putin pelo Tribunal Penal Inernacional.

A criação do grupo parlamentar Brasil-Rússia deve ser votada na manhã desta terça-feria (14) na Comissão de Relações Exteriores do Senado.