Aliança da direita busca governo e dois senadores no RS

Os partidos PL e Novo costuram uma coligação de direita para as eleições de 2026 no Rio Grande do Sul, em oposição à continuidade da gestão do governador Eduardo Leite (PSD-RS), que deve indicar um sucessor ao cargo. A aliança da direita é formada por deputados federais conhecidos pelo combate ao PT e de antagonismo ao governo Lula no Congresso Nacional.

A articulação política foi anunciada pelas legendas partidárias: o pré-candidato ao governo gaúcho é o líder da oposição na Câmara dos Deputados, Luciano Zucco (PL-RS). Para o Senado, os candidatos da chapa serão os deputados federais Marcel van Hattem (Novo-RS) e Ubiratan Sanderson (PL-RS).

Em entrevista à Gazeta do Povo, o presidente estadual do Novo no Rio Grande do Sul, Marcelo Slaviero, defendeu a formação do bloco de direita e disse que a articulação política para o próximo ano começou durante as eleições municipais de 2024, quando o grupo político obteve êxito local. “Chegamos a um ponto que atende às expectativas dos dois partidos. A ideia é que 2026 seja um primeiro passo para uma aliança maior, visando também 2028, unindo partidos para pensar no governo e no futuro do Rio Grande do Sul”, comentou.

Ele lembrou que os nomes escolhidos estão alinhados no Congresso em defesa das mesmas pautas, como a anistia aos condenados pelos atos de 8 de janeiro de 2023 – que pode alcançar o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) – e o impeachment de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que é uma prerrogativa do Senado. Zucco foi um dos principais articuladores na aprovação da urgência para tramitação do PL da Anistia na Câmara dos Deputados.

Dobradinha da direita tem pré-candidatos ao Senado com perfis diferentes no RS

As eleições para definir duas cadeiras de senadores em cada estado brasileiro no próximo ano são consideradas estratégicas pelas lideranças dos partidos de direita. “Definimos antecipadamente a aliança para mostrar a importância de termos apenas dois nomes da direita ao Senado. O eleitor poderá votar em dois candidatos, e a conscientização do voto conjunto é fundamental para vencermos”, respondeu Slaviero ao ser questionado sobre o risco de divisão de votos entre aliados ao Senado.

Na avaliação do presidente gaúcho do Novo, a aliança para a disputa ao Senado coloca lado a lado dois parlamentares da direita com perfis diferentes, que podem caminhar juntos na campanha como aliados. “O Marcel [van Hattem] pontua muito bem nas pesquisas, mas não tem tempo de TV. A coligação ao Senado garante isso. Já o Sanderson, que tem tempo de TV e é bom no corpo a corpo, não vai tão bem nas redes sociais, que é onde o Novo se destaca. As duas candidaturas se complementam”, analisa.

Segundo Slaviero, a coligação com o PL ainda procura atrair outros partidos de centro-direita, entre eles Podemos, Republicanos, Progressistas e União Brasil. A chapa será encabeçada por Zucco, que recebeu o aval de Bolsonaro para concorrer em 2026, antes da prisão domiciliar do ex-presidente da República.

Na última pesquisa Quaest, divulgada no final de agosto, Zucco tem 20% de intenções de voto e aparece tecnicamente empatado com Juliana Brizola (PDT) no cenário estimulado de primeiro turno. A pré-candidata do partido de esquerda somou 21% na preferência dos eleitores.

O levantamento ainda aponta que 54% dos entrevistados dizem que o governador Eduardo Leite – pré-candidato a presidente da República pelo PSD – não merece eleger um sucessor. Assim como no governo federal, Novo e PL adotam uma postura de oposição à gestão de Leite, com críticas pelas dívidas acumuladas pelo estado com a União e também pela reconstrução do Rio Grande do Sul após a tragédia climática do ano passado.

“O governador tem buscado autopromoção e não gestão efetiva. Há dificuldades orçamentárias graves e as empresas estão fechando. É preciso enxugar a máquina pública e abrir diálogo com a sociedade civil, entidades empresariais e com o agro para construir um projeto conjunto de recuperação econômica e para a retomada do protagonismo nacional que o estado já teve”, diz Slaviero.

• Metodologia da pesquisa citada: A pesquisa Genial/Quaest foi realizada presencialmente entre os dias 13 e 17 de agosto de 2025, com 1.104 entrevistas feitas no estado. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para mais ou para menos, com nível de confiança de 95%.