MDB em SC busca alinhamento ao conservadorismo de direita

Últimas atualizações em 04/09/2025 – 11:43 Por Gazeta do Povo | Feed

O Movimento Democrático Brasileiro (MDB) em Santa Catarina vive um momento de rearticulação interna liderado pelos deputados Rafael Pezenti (federal) e Antídio Lunelli (estadual). Os dois tentam conduzir a criação de um movimento de direita dentro da legenda e aproximar a sigla de pautas conservadoras.

A movimentação ganha força em um cenário de contradição. Enquanto o MDB nacional integra a base do governo Lula (PT), em Santa Catarina a sigla compõe o governo de direita conduzido por Jorginho Mello (PL-SC).

Identificado nacionalmente como de centro no espectro político, o MDB possui uma história de 59 anos em Santa Catarina. São 182 mil filiados, 70 prefeitos eleitos, 69 vice-prefeitos e 745 vereadores. Na esfera nacional, conta com uma senadora, três deputados federais e seis estaduais representando o estado catarinense.

Pezenti e Lunelli defendem que o MDB em Santa Catarina precisa estar alinhado com o eleitor do estado: em sua maioria, conservador, defensor da liberdade econômica, dos valores familiares e de um Estado menos inchado. “O MDB em Santa Catarina tem uma história muito bonita, mas nos últimos anos tem se afastado das bases e perdeu clareza ideológica. Eu e o deputado Antídio propomos resgatar um partido próximo das pessoas e firme nas convicções”, salientou Pezenti.

O eleitor quer que a gente se posicione, que defenda valores. Estar no centro não pode significar ficar em cima do muro.

Deputado estadual Antídio Lunelli (MDB-SC)

Segundo o deputado, a base emedebista catarinense é majoritariamente de direita e precisa ser respeitada, ouvida e representada. Para o parlamentar, o MDB deve ter clareza de propósito. Ficar apenas no discurso de ser um partido de centro não resolve o maior desafio que, na visão de Pezenti, é se reconectar com a base. “Só com identidade o partido vai voltar a ser protagonista, e não apenas coadjuvante em disputas eleitorais”.

Lunelli destacou que o MDB tem contribuições históricas para o Brasil e Santa Catarina. Citou que as principais obras estruturantes do estado carregam a “digital do MDB”, mas foi realista. “É claro que, como um partido com 59 anos, cometemos erros. Sempre fui crítico da falta de clareza ideológica. O eleitor quer que a gente se posicione, que defenda valores. Estar no centro não pode significar ficar em cima do muro”.

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Presidência estadual defende unidade

O presidente do MDB em SC, deputado federal licenciado e atual secretário de Agricultura e Pecuária de Santa Catarina, Carlos Chiodini, disse que o MDB tem clareza de sua missão, é uma sigla que não tem dono e que carrega no DNA a luta pela democracia e pelo direito de todos. “É importante destacar que o MDB nunca esteve ao lado da esquerda. Nosso partido é municipalista. Sempre estivemos próximos das pessoas, do diálogo, das cidades e das grandes obras”.

Na visão de Chiodini, se Santa Catarina é uma potência econômica, industrial, logística e educacional, isso se deve ao povo catarinense, mas também a nomes do MDB, como os ex-governadores Pedro Ivo, Luiz Henrique da Silveira, Casildo Maldaner, Paulo Afonso e Eduardo Pinho Leia maisira. “Não existe divisão. Estamos cada vez mais unidos com o propósito de melhorar a qualidade de vida das pessoas”, enfatizou.

O MDB-SC ocupa três secretarias na gestão do governador Jorginho Mello. Além de Chiodini, são secretários os emedebistas o deputado estadual licenciado Jerry Comper (Infraestrutura e Mobilidade) e o deputado estadual licenciado Emerson Stein (Meio Ambiente e Economia Verde).

Isso, conforme Chiodini, confirma que, na prática, a aliança com a direita já existe em Santa Catarina. “Prova é que nosso trabalho vem dando excelentes resultados”. Lunelli observou que o partido tem recebido apoio de lideranças que compreendem que a sociedade catarinense é majoritariamente conservadora e que o MDB precisa se alinhar a esse sentimento.

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Projeto próprio para 2026 é incerto e oposição a Lula marca posicionamento

Sobre o futuro do partido, o deputado estadual Lunelli defende um projeto com candidatura própria e identidade clara, mas considera que talvez a eleição de 2026 ainda não seja o momento para isso. “Ganhar ou perder eleição faz parte da democracia, mas o que não podemos é ser irrelevantes. Vejo o MDB catarinense como protagonista, liderando a construção de um estado mais livre, próspero, com mais entrega e conectado com os valores que o nosso povo defende”.

Questionado pela Gazeta do Povo sobre o diálogo com a executiva nacional do MDB sobre o movimento em Santa Catarina, Pezenti confirmou que ainda não houve conversa formal, mas que “Brasília observa” a iniciativa com respeito. “O MDB sempre foi um partido plural, e queremos justamente abrir esse debate, mostrando que em Santa Catarina a sigla precisa estar conectada com o que pensam e defendem os catarinenses, e isso passa por uma clara definição de posicionamento”.

O parlamentar — eleito em 2022 com 62.208 votos — foi direto ao abordar a ligação do MDB nacional com o governo Lula (PT): “Não é porque meu partido integra a base de Lula que eu também devo me entregar. Faço uma oposição responsável, fiscalizando a fortuna que mandamos para Brasília em impostos e defendendo valores que trago de casa”.

Lunelli acrescentou que o MDB em SC é um partido grande, plural e que convive com debates internos. “Existem diferentes correntes, mas a grande maioria do MDB catarinense entende que o futuro passa pelo fortalecimento da direita moderada. O diálogo e o respeito interno são as chaves para manter a unidade”.

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