Entenda a escalada da crise de Lula com Israel

Últimas atualizações em 26/08/2025 – 17:33 Por Gazeta do Povo | Feed


A crise diplomática entre o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Estado de Israel ganhou um novo capítulo nesta terça-feira (26) após o ministro da Defesa israelense, Israel Katz, afirmar que o petista é “antissemita declarado” e “apoiador do Hamas”. Em reação, o Itamaraty divulgou uma nota afirmando que Katz voltou a proferir “ofensas, inverdades e grosserias inaceitáveis”.

A declaração do ministro da Defesa de Israel foi feita em uma publicação no X, na qual ele criticou duramente a decisão do governo brasileiro de retirar o país da Aliança Internacional para a Memória do Holocausto (IHRA), organismo internacional criado para combater o antissemitismo.

“Quando o presidente do Brasil, Lula desrespeitou a memória do Holocausto durante meu mandato como Ministro das Relações Exteriores, declarei-o persona non grata em Israel até que pedisse desculpas. Agora ele revelou sua verdadeira face como antissemita declarado e apoiador do Hamas ao retirar o Brasil da IHRA – o organismo internacional criado para combater o antissemitismo e o ódio contra Israel – colocando o país ao lado de regimes como o Irã, que nega abertamente o Holocausto e ameaça destruir o Estado de Israel”, escreveu Katz.

Em resposta, o Ministério das Relações Exteriores (MRE) classificou como “ofensas, inverdades e grosserias inaceitáveis” declarações do ministro da Defesa de Israel. A pasta destacou ainda que Israel é alvo de investigação da Corte Internacional de Justiça.

O Itamaraty disse ainda esperar de Katz “em vez de habituais mentiras e agressões, assuma responsabilidade e apure a verdade sobre o ataque contra o hospital Nasser, em Gaza, que provocou a morte de ao menos 20 palestinos, incluindo pacientes, jornalistas e trabalhadores humanitários”. “Como Ministro da Defesa, o senhor Katz não pode se eximir de sua responsabilidade, cabendo-lhe assegurar que seu país não apenas previna, mas também impeça a prática de genocídio contra os palestinos”, conclui o texto.

Na publicação desta terça-feira, Katz reforçou que Israel continuará sua defesa contra as ameaças externas mesmo sem apoio do governo brasileiro.

“Como Ministro da Defesa de Israel, afirmo: saberemos nos defender contra o eixo do mal do islamismo radical, mesmo sem a ajuda de Lula e seus aliados”, declarou. Ele ainda lamentou a condução da política externa brasileira: “Vergonha para o maravilhoso povo brasileiro e para os muitos amigos de Israel no Brasil que este seja o seu presidente. Dias melhores ainda virão para a relação entre nossos países”.

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Israel rebaixa relações diplomáticas com o Brasil

A troca de acusações entre o governo Lula e o ministro da Defesa israelense acontece um dia após Israel anunciar que as relações com o Brasil estão sendo conduzidas em “um nível diplomático inferior”. A manifestação veio depois que o petista não concedeu a permissão (chamada de agrément) ao indicado para ser embaixador israelense em Brasília, o diplomata Gali Dagan.

“Após o Brasil, de forma incomum, se abster de responder ao pedido de agrément do embaixador Dagan, Israel retirou o pedido, e as relações entre os países estão sendo conduzidas em um nível diplomático inferior”, afirmou o Ministério das Relações Exteriores israelense em comunicado, segundo informações do jornal The Times of Israel.

No anúncio de segunda-feira, o governo de Israel acusou o Brasil de adotar uma “linha crítica e hostil” desde os ataques do grupo terrorista Hamas em território israelense em 7 de outubro de 2023, postura que “se intensificou a partir do momento em que o presidente Lula comparou as ações de Israel às dos nazistas” na guerra na Faixa de Gaza, alegou a gestão Benjamin Netanyahu.

“Nesse caso, o rebaixamento das relações para um nível diplomático inferior se deu pela decisão do Brasil de não responder à indicação israelense do novo embaixador no Brasil dando seu agrément, um rito tradicional na troca de embaixadores entre dois países. Previamente, o país também havia chamado de volta seu embaixador em Israel [Frederico Meyer, no ano passado] e não indicou um novo nome”, explicou Fernanda Brandão, coordenadora do curso de relações internacionais da Faculdade Presbiteriana Mackenzie Rio, em entrevista à Gazeta do Povo.

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Episódios que marcaram a escalada do conflito diplomático

Antes do rebaixamento na relação diplomática entre os dois países, um série de episódios marcou a escalada da crise entre Lula e Israel. Em fevereiro deste ano, o petista comparou as ações israelenses em Gaza ao Holocausto nazista.

A declaração provocou uma repercussão imediata, com o governo israelense declarando Lula persona non grata. Na ocasião, Israel convocou o embaixador brasileiro em Tel Aviv, o que no campo diplomático foi visto como uma “chamada de atenção” ou um “puxão de orelha”.

Depois disso, o governo brasileiro suspendeu tratativas para aquisição de equipamentos militares de empresas israelenses, inclusive drones, alegando “razões políticas”. O gesto foi interpretado como alinhamento à narrativa de hostilidade contra Israel.

Mais recentemente, em julho, o Brasil assinou, junto com outros países, a ação apresentada pela África do Sul contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça, acusando o país de genocídio em Gaza. Além disso, o governo brasileiro se alinhou a uma declaração conjunta no Conselho de Direitos Humanos da ONU pedindo sanções contra Israel, ampliando ainda mais a crise.

“Nós queremos ter uma boa relação com Israel. Mas não podemos aceitar um genocídio, que é o que está acontecendo. É uma barbaridade. Nós não somos contra Israel. Somos contra o que o governo Netanyahu está fazendo”, disse o assessor especial da Presidência, Celso Amorim.

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