É #FAKE que Maduro sugeriu que poderia renunciar na Venezuela; vídeo mostra leitura de discurso de 1902
Últimas atualizações em 26/08/2025 – 14:16 Por G1 Mundo
É #FAKE que ao citar liberação de presos e renúncia Maduro anuncia novas medidas; ele estava lendo discurso de 1902
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Circula nas redes sociais um post dizendo que o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, ordenou a “a liberação dos presos políticos” do país e sugeriu que poderia renunciar. É #FAKE.
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🛑 Como é a publicação falsa?
Publicado no X no sábado (23), o post passou de 880 mil visualizações. O texto diz, em espanhol: “Nicolás Maduro ordena a liberação de todos os presos políticos de sua ditadura e sugere que poderia renunciar”. Na sequência, cita o que seria um trecho de um discurso do presidente da Venezuela:”Sei que me aposentarei satisfeito porque verei minha pátria pórspera e feliz'”.
A publicação é acompanhada de um vídeo no qual o líder venezuelano faz um discurso. As imagens e o áudio são verdadeiros, mas o trecho escolhido omite que Maduro estava lendo um documento histórico, de 1902. Trata-se de um pronunciamento originalmente feito por Cipriano Castro, que governou o país entre 1899 e 1908.
O material mentiroso viralizou quatro dias depois de os Estados Unidos deslocarem navios de guerra para a costa da Venezuela. Na mesma data, o governo de Donald Trump afirmou que iria usar “toda a força” contra Maduro (entenda ao final desta reportagem).
No início do mês, a Casa Branca já havia aumentado para US$ 50 milhões (cerca de R$ 270 milhões) a recompensa por informações que levem à prisão ou condenação do líder venezuelano, acusado pelo Departamento de Justiça americano de envolvimento com tráfico de drogas e narcoterrorismo.
⚠️ Por que o posto é mentiroso?
Uma versão mais ampla da gravação real inclui o momento em que Maduro afirmou: “E vou ler a proclamação de Cipriano Castro, porque acredito que esta proclamação, que muitos de nós estudamos no ensino fundamental ou no ensino médio, fala perfeitamente hoje aos venezuelanos e venezuelanas desta época”. Em seguida, ele cita o cabeçalho: “Caracas, 9 de dezembro de 1902”.
Além disso, o conteúdo fake manipula uma das falas do presidente ao citar que ele disse: “Sei que me aposentarei satisfeito porque verei minha pátria próspera e feliz”. Na verdade, o que Maduro leu foi o seguinte: “[…] mantendo sempre minha espada, claro, a serviço da República e podendo ter a certeza de que me aposentarei satisfeito, sem a nostalgia do poder, pois minha maior aspiração é ver meu país grande, próspero e feliz”.
Para encontrar a íntegra do documento, o Fato ou Fake decupou um trecho do vídeo real e fez uma busca no Google Livros. A pesquisa apontou que a fala de Maduro coincide com o documento de 1902, reproduzido em livros sobre a história da Venezuela.
Cipriano Castro escreveu aquele texto em meio a uma crise, causada por um bloqueio naval imposto por nações europeias, como Alemanha, Reino Unido e Itália, que tentavam forçar o pagamento de dívidas. O veto se encerraria apenas no ano seguinte.
Um artigo publicado em 1976 na revista acadêmica “The Americas” e disponível no site da Universidade de Cambridge, do Reino Unido, refere-se ao governo de Cipriano Castro como uma ditadura unipartidária que reprimiu a oposição e prejudicou a economia, com monopólios e políticas comerciais arbitrárias.
Segundo o texto, a recusa do então presidente em pagar dívidas e o confronto com empresas e diplomatas estrangeiros resultaram em bloqueios, rompimento de relações com vários países (como Colômbia, França, Estados Unidos e Holanda) e tensões com potências europeias.
Impopular dentro e fora do país, acabou afastado em 1908, quando viajou à Alemanha para tratar de uma grave doença renal, sendo substituído interinamente pelo vice-presidente Juan Vicente Gómez.
Veículos de imprensa latino-americanos publicaram reportagens e análises questionando por que Maduro leu o texto de 1902, evocando “renúncia” e “liberação de presos”.
O analista político e consultor Nelson Mendoza Blanco disse ao site argentino Infobae que considera que Maduro lançou um “balão de ensaio para detectar apoios ou fraturas internas” neste momento de crise com os Estados Unidos.
📌 Qual é o contexto da fake?
A tensão entre Estados Unidos e Venezuela voltou a escalar em julho, quando o governo Trump divulgou um cartaz oferecendo uma recompensa de US$ 25 milhões (cerca de R$ 140 milhões) por informações que levem à prisão ou condenação de Maduro — valor que foi dobrado no início deste mês.
Em resposta, o ministro da Defesa venezuelano, Vladimir Padrino López, classificou a ação como “fantasiosa, ilegal e desesperada, ao melhor estilo faroeste de Hollywood”. Nesta terça-feira (19), o governo Maduro anunciou a mobilização de 4,5 milhões de milicianos, alegando ameaças diretas dos Estados Unidos.
No mesmo dia, os EUA enviaram três destróieres com mísseis guiados para a costa venezuelana, reforçando a operação contra cartéis de drogas no Caribe.
Em discurso nesta quarta, Maduro rebateu as acusações e afirmou que a Venezuela enfrenta “agressões imperialistas” e uma campanha de intimidação vinda dos Estados Unidos: “Vivemos um frenesi de ameaças a granel. Acreditam que são donos do mundo e que basta uma palavra deles para que os povos se rendam”.
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