O que se sabe sobre a denúncia envolvendo a irmã de Milei

Últimas atualizações em 25/08/2025 – 23:06 Por Gazeta do Povo | Feed


O presidente da Argentina, Javier Milei, está sendo pressionado desde a semana passada devido a uma denúncia envolvendo sua irmã e secretária-geral da presidência, Karina Milei.

Assim como no caso da criptomoeda $Libra, denunciado em fevereiro, a oposição tenta usar o episódio para desgastar o presidente antes das eleições legislativas de outubro, quando o partido de Milei, A Liberdade Avança (LLA, na sigla em espanhol), tentará deixar a posição incômoda de minoria no Parlamento argentino (onde o governo vem sofrendo derrotas: na semana passada, o Senado rejeitou cinco decretos de desregulamentação e aprovou o aumento do financiamento às universidades).

Na semana passada, o advogado Gregorio Dalbón, que representa a ex-presidente Cristina Kirchner (2007-2015, que cumpre em prisão domiciliar pena por corrupção) em algumas de suas causas na Justiça, denunciou criminalmente o presidente e Karina Milei, por suposta corrupção em contratos de fornecimento de medicamentos por meio da Agência Nacional de Deficiência (Andis).

Dalbón acusou a existência de “um esquema de cobrança e pagamento de propinas relacionadas à compra e fornecimento de medicamentos, com afetação direta aos fundos públicos, fatos que se enquadram nos crimes de suborno, administração fraudulenta, negociações incompatíveis com o exercício de funções públicas e infração à lei de Ética Pública”.

A ação judicial denunciou, além dos irmãos Milei, o assessor presidencial Eduardo “Lule” Menem – primo do presidente da Câmara dos Deputados, Martín Menem -, o proprietário da empresa de comercialização de medicamentos Suizo Argentina S.A., Eduardo Kovalivker, e o agora ex-diretor-executivo da Andis, Diego Spagnuolo, que atuou no passado como advogado do atual presidente.

A denúncia foi feita pouco depois da divulgação em diversos meios de comunicação locais de uma série de áudios nos quais uma voz, supostamente a de Spagnuolo, detalha um esquema de arrecadação de propinas ligado à Suizo Argentina S.A.

Na primeira gravação, ouve-se quem seria Spagnuolo admitir a existência de uma rede de arrecadação ilegal com o conhecimento do presidente: “Ele não está envolvido, mas é toda a gente dele. Então vão pedir dinheiro para as pessoas. Vão pedir dinheiro para os prestadores”.

Em um segundo trecho, o funcionário relata que avisou Milei sobre tudo isso e em um terceiro áudio afirma que o esquema seria administrado por uma empresária ligada à família Menem, que levaria cifras milionárias: “Ela leva meio ‘palo’ [meio milhão de dólares] para cima de medicamentos por mês”.

Nas gravações, Karina Milei e Eduardo “Lule” Menem são apontados como supostos responsáveis pela rede de corrupção.

Segundo a denúncia, a empresa de comercialização de medicamentos agia como canal para o desvio de recursos públicos por meio de superfaturamento e porcentagens exigidas dos fornecedores.

Na quinta-feira (21), Milei demitiu Spagnuolo. “Diante dos fatos de conhecimento público e perante a evidente utilização política da oposição em ano eleitoral, o presidente da Nação decidiu, de forma preventiva, pela remoção do cargo do diretor-executivo da Agência Nacional de Deficiência, Diego Spagnuolo”, anunciou a assessoria de imprensa presidencial no X.

No fim de semana, o site Infobae noticiou que a gestão Milei orientou o interventor da Andis, Alejandro Vilches, para que acelerasse uma auditoria completa sobre todos os contratos da agência.

Assessor presidencial de Milei diz que conteúdo dos áudios é falso

Nesta segunda-feira (25), membros da gestão Milei se pronunciaram sobre o caso. No X, “Lule” Menem negou qualquer irregularidade.

“Não posso falar nem garantir nada sobre a autenticidade ou não das gravações de áudio que circulam, mas posso garantir a total falsidade do seu conteúdo. Nunca tive qualquer envolvimento em contratos da Andis, nem formal nem informalmente. Ninguém me mencionou qualquer ato de corrupção, nem eu tinha conhecimento de qualquer ocorrência ilegal na Andis ou em qualquer outro órgão estatal”, escreveu “Lule” Menem.

“Nunca conversei com Karina Milei ou com o presidente da Nação sobre benefícios, contratos ou atividades específicas da Andis. Conheço o trabalho que este governo vem fazendo contra a corrupção e não duvido da integridade de nenhuma das autoridades mencionadas”, acrescentou, alegando motivação política nas denúncias.

O porta-voz da presidência, Manuel Adorni, também fez referência ao caso no X. “O tempo é o único juiz que sempre revela a verdade”, afirmou.

A oposição tenta convocar o chefe de gabinete de Milei, Guillermo Francos, e o ministro da Saúde, Mario Lugones, para prestar esclarecimentos na Câmara dos Deputados.

“A gravidade do interesse em questão — os direitos das pessoas com deficiência e o uso regular dos recursos públicos — justifica amplamente a convocação do chefe de gabinete e do ministro da Saúde”, afirmou no pedido o deputado Oscar Agost Carreño, do partido Encontro Federal, segundo informações da imprensa argentina.

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