O que mostra a pesquisa Genial/Quaest sobre a eleição em 2026

A nova rodada da pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quinta-feira (21) sondou como está a intenção de voto do brasileiro a presidente da República, incluindo possíveis candidatos da direita em um contexto no qual Jair Bolsonaro (PL) não seja candidato. Realizado entre os dias 13 e 17 de agosto, o levantamento perguntou: “Se Bolsonaro não for candidato em 2026, quem deveria ser o candidato da direita?”

Entre os governadores considerados presidenciáveis, Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), assumiu o posto de principal nome da oposição à reeleição de Lula, pela primeira vez na série histórica das pesquisas que acompanham as intenções de votos para 2026 — até então, o nome de oposição direta era Bolsonaro. Apesar do destaque, o governador paulista oscilou dois pontos percentuais em relação ao levantamento anterior, saindo de 37% para 35% na preferência dos eleitores no cenário estimulado de segundo turno. Lula aumentou a vantagem para oito pontos percentuais ao subir de 41% para 43%. 

Na avaliação do cientista político e presidente da Quaest, Felipe Nunes, a associação com Bolsonaro durante a crise internacional entre Brasil e Estados Unidos, após anúncio do tarifaço pelo presidente Donald Trump, pode ter desgastado a imagem de Tarcísio, enquanto favorece Lula na tentativa de reversão da queda de popularidade.

Em São Paulo, o governador venceria Lula com uma margem de 17 pontos, o que também aponta para o favoritismo de Tarcísio de Freitas no estado, caso opte pela reeleição ao comando do Palácio dos Bandeirantes. Ele é o único dos governadores presidenciáveis no primeiro mandato.

A pesquisa Genial/Quaest foi realizada em oito estados: São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Bahia, Goiás, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Somados, esses estados correspondem a 66% do eleitorado do país, o que permite uma análise representativa, de acordo com o instituto de pesquisa.

Tarcísio é o governador que ganha de Lula em mais estados no 2º turno

O governador de São Paulo mantém a liderança entre os chefes do Executivo com pretensão ou possibilidade de enfrentar Lula no próximo ano. Tarcísio é o governador que ganha do petista em mais estados, dentre os analisados pela Genial/Quaest: São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Goiás. Nos estados de Minas Gerais e Rio de Janeiro, Tarcísio e Lula ficam na margem de erro da pesquisa. Em contraponto, Tarcísio perderia de Lula em Pernambuco e Bahia, se as eleições fossem hoje.

Ratinho Junior, Eduardo Leite e Romeu Zema ganhariam uma eventual disputa contra Lula, no segundo turno, em três estados. No embate entre o governador do Paraná e Lula , Ratinho Junior ganharia em São Paulo, Paraná e Goiás. A margem de erro na intenção de voto entre os dois se mantém nos estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul — com derrota de Ratinho Junior para Lula em Pernambuco e na Bahia.

Sondagem sobre a intenção de voto em segundo turno, com vários cenários. (Foto: Reprodução/Pesquisa Genial/Quaest)

O governador paranaense tem adotado uma postura mais cautelosa ao comentar temas sensíveis com risco eleitoral, como o tarifaço, a anistia e crise institucional entre os Poderes. Mesmo assim, o presidente da Quaest analisa que Ratinho Junior não escapou do impacto das tensões diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos. O governador da oposição saiu de 36% para 34% no cenário estimulado de segundo turno contra Lula, enquanto o petista foi de 41% para 44%, abrindo uma vantagem de 10 pontos no confronto direto.

No Paraná, Ratinho Junior mostra força política ao bater Lula com 73% das intenções de votos. O governador também venceria o petista em São Paulo por cinco pontos, estado estratégico no projeto de nacionalização do nome do presidenciável do PSD para 2026.  

Em outro recorte da Genial/Quaest, o governador do Rio Grande do Sul venceria Lula em Goiás e Paraná, além do seu próprio estado. A margem de erro na intenção de voto entre os dois fica nos estados de São Paulo e Minas Gerais, com Eduardo Leite perdendo para Lula no Rio de Janeiro, Bahia e Pernambuco.

No embate direto entre Lula e Zema, o governador de Minas venceria em Paraná e Goiás, além do seu próprio estado, com os dois dentro da margem de erro na análise específica entre eleitores de São Paulo e Rio Grande do Sul. Nos estados do Rio, Bahia e Pernambuco, Zema perderia para Lula.

Caiado, por sua vez, é o governador presidenciável que venceria Lula em menos estados: apenas Paraná e Goiás — entre as unidades da federação analisadas na pesquisa divulgada nesta quinta-feira. Lula e Caiado estão dentro da margem de erro na intenção de voto dos eleitores de São Paulo e Minas Gerais. E o governador de Goiás seria derrotado por Lula em quatro estados, se as eleições fossem hoje: Rio de Janeiro, Bahia, Rio Grande do Sul e Pernambuco.

Zema tem menor potencial de voto como opção a Bolsonaro na pesquisa da Quaest

Na análise dos governadores presidenciáveis, Romeu Zema (Novo-MG) é o que detém o menor percentual como opção a Bolsonaro em seu próprio estado: 20%. Na outra ponta, Ratinho Junior (PSD-PR) é o que tem o maior potencial de voto no estado que governa: 46%. Ele é seguido por Caiado (40% de intenção de voto em Goiás) e Tarcísio (35% em São Paulo). Esses percentuais se referem à pergunta: “Caso Jair Bolsonaro não possa ser candidato em 2026, quem você acha deveria ser o candidato no lugar de Bolsonaro?”

No cenário estimulado de segundo turno, Lula ampliou a vantagem para 14 pontos sobre Zema com o placar de 46% de intenções de votos pela reeleição contra 32% a favor do governador mineiro. No último sábado (16), Zema lançou a pré-candidatura presidencial pelo Novo e tem sido o governador da oposição com tom mais crítico ao ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.

Na avaliação de Nunes, a aprovação do eleitorado mineiro – decisivo nas últimas eleições presidenciáveis – é um ponto forte da pré-candidatura de Zema. Ele venceria Lula com 13 pontos de vantagem no segundo maior colégio eleitoral do país. Em São Paulo, empate técnico entre Lula e Zema em busca do maior colégio eleitoral: 39% para o petista contra 37% para o mineiro.

Caiado foi o primeiro a lançar pré-candidatura a presidente, no mês de abril. Porém, ele mantém intenção de voto oscilando entre 5% e 6%, a depender do cenário. No primeiro turno, há os seguintes recortes:

• Lula 35%, Tarcísio 17%, Caiado 6%, Zema 4% (sem participação de integrante da família Bolsonaro)
• Lula 34%, Ratinho 10%, Caiado 5%, Zema 4% (com Eduardo Bolsonaro indo a 15%)
• Lula 35%, Ratinho 9%, Caiado 5%, Zema 6% (com Flávio Bolsonaro alcançando 14%)

Segundo o presidente da Quaest, Caiado também não escapou dos efeitos negativos da percepção pública sobre o tarifaço. No cenário de segundo turno estimulado, Lula descolou do governador goiano e ampliou a vantagem para 16 pontos percentuais. Nunes ainda comenta que a Caiado precisa melhorar o desempenho em outros estados, principalmente nos colégios eleitorais de São Paulo e Minas em busca de projeção nacional. Em Goiás, Caiado tem 50 pontos de vantagem sobre Lula e venceria com 72% do eleitorado.

Governadores reduzem desconhecimento pro eleitorado “fora da bolha”, mas total ainda é alto

Desde as sondagens da mesma Genial/Quaest feitas a partir do mês de janeiro, os governadores Zema e Caiado reduziram o desconhecimento junto ao eleitorado de fora de suas respectivas áreas de influência. Porém, esse dado ainda é significativo: 54% para cada um deles.

Aliás, o desconhecimento sobre o nome dos demais governadores com pretensão de disputa ao Palácio do Planalto em 2026 fora de seus respectivos estado também é alto: no caso de Leite, 53%, e no de Ratinho Junior, 46%. O mais conhecido fora de seu estado é Tarcísio, que ainda mantém desconhecimento junto ao eleitor na faixa de 34%.

Nenhum governador se sobressai na pesquisa espontânea da Genial/Quaest

Faltando um ano e quatro meses para o primeiro turno das eleições 2026, é natural que a pesquisa Geanial/Quaest comprove a percepção de que muita opinião pode mudar até a hora do voto nas urnas. No recorte da pesquisa espontânea — que é quando nenhum nome é apresentado previamente para a escolha do eleitor — nenhum governador hoje considerado presidenciável tem pontuação relevante (máximo de 1%), com os eleitores indecisos chegando a um total de 66%.

Outro dado da Geanial/Quaest: para 72% dos paranaenses, Lula não deveria se candidatar à reeleição: é o maior percentual entre os estados analisados. 

• Metodologia: a pesquisa Genial/Quaest fez entrevistas presenciais entre os dias 13 e 17 de agosto, aplicando questionários estruturados com 12.150 eleitores distribuídos em oito estados, que representam 66% do eleitorado nacional: São Paulo (1.644 entrevistas), Minas Gerais (1.482), Rio de Janeiro (1.404), Bahia (1.200), Goiás (1.104), Paraná (1.104), Rio Grande do Sul (1.104) e Pernambuco (1.104). A margem de erro é de 2 pontos percentuais, com nível de confiabilidade de 95%.

Por que a Gazeta do Povo publica pesquisas eleitorais  

A Gazeta do Povo publica há anos todas as pesquisas de intenção de voto realizadas pelos principais institutos de opinião pública do país. As pesquisas de intenção de voto fazem uma leitura de momento, com base em amostras representativas da população.

Métodos de entrevistas, composição e número da amostra e até mesmo a forma como uma pergunta é feita são fatores que podem influenciar no resultado. Por isso é importante ficar atento às informações de metodologias, encontradas no fim das matérias da Gazeta do Povo sobre pesquisas eleitorais.

Pesquisas publicadas nas eleições de 2022, por exemplo, apontaram discrepâncias relevantes em relação ao resultado apresentado na urna. Feitos esses apontamentos, a Gazeta do Povo considera que as pesquisas eleitorais, longe de serem uma previsão do resultado das eleições, são uma ferramenta de informação à disposição do leitor, já que os resultados divulgados têm potencial de influenciar decisões de partidos, de lideranças políticas e até mesmo os humores do mercado financeiro.