Gleisi rebate Tarcísio e diz que soberania não é presente para Trump

A ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, rebateu nesta terça-feira (19) o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), por sugerir que o Brasil deveria dar “algumas vitórias” ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para negociar o tarifaço. Gleisi disse que Tarcísio precisa entender que a soberania nacional não é algo para “dar de presente”.

“Governador Tarcísio precisa entender que a soberania nacional não é algo para ‘dar de presente’, como ele acha que Lula deveria fazer diante da chantagem de Bolsonaro e Trump”, afirmou a ministra no X.

O governador paulista disse achar “fundamental compreender um pouco do estilo do presidente americano” para viabilizar a negociação. A declaração ocorreu durante o evento promovido pela corretora Warren Investimentos, em São Paulo, nesta segunda (18).

“É um presidente que vive da economia da atenção. Que gosta de sentar com o chefe de Estado, botar sentado e dizer: ‘Olha, consegui uma vitória’. E ele está querendo colecionar vitórias. Então, por que não entregar algumas vitórias?”, afirmou Tarcísio.

Gleisi afirmou que o governador está se afastando das reais necessidades da população brasileira. “Quanto mais se encontra com bilionários e banqueiros, mais distante Tarcísio vai ficando dos interesses do país e da população”, disparou a ministra.

Entre as “vitórias” sugeridas pelo governador, estariam deixar de comprar combustível da Rússia, parceira do Brasil no Brics, e aumentar investimentos de empresas brasileiras nos Estados Unidos. Tarcísio considera que, ao ceder, o Brasil poderia avançar na negociação e conseguir a redução das tarifas em setores como café, pneu, proteína animal e pescado.

A taxação de 50% aplicada pelos Estados Unidos sobre os produtos brasileiros entrou em vigor no último dia 6. Ao anunciar a sanção, os EUA citaram o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) por suposta tentativa de golpe de Estado; as decisões do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes contra big techs; e práticas comerciais consideradas desleais, como o uso do Pix.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) considerou a medida uma “chantagem inaceitável em forma de ameaça às instituições brasileiras”. O governo federal enfrenta resistência na negociação com os EUA.