Por que Michelle foi a única presidenciável nos atos contra Moraes
Últimas atualizações em 04/08/2025 – 15:13 Por Gazeta do Povo | Feed
A ausência dos governadores presidenciáveis de oposição não passou em branco nas manifestações deste domingo (3) contra atos do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e do presidente Lula (PT). Aliado de Jair Bolsonaro (PL), o pastor Silas Malafaia cobrou os governadores que se colocam como alternativas para uma candidatura de direita na corrida presidencial de 2026.
“Cadê aqueles que dizem ser a opção no lugar de Bolsonaro? Cadê eles? Onde é que eles estão? Era pra estar aqui, minha gente”, criticou o pastor durante o discurso na avenida Paulista, em São Paulo. Em abril, os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), Ratinho Junior (PSD-PR), Romeu Zema (Novo-MG) e Ronaldo Caiado (União Brasil-GO) participaram ao lado de Bolsonaro do ato pela anistia na mesma avenida Paulista, defenderam a liberdade aos presos do 8 de janeiro e a candidatura do ex-presidente nas eleições do próximo ano.
No entanto, os aliados de Bolsonaro – que foi condenado à inelegibilidade pela Justiça Eleitoral – criticam a postura dos governadores neste último domingo, principalmente por não se posicionarem contra decisões do Supremo. “Estão com medo do STF? Por isso que não chegaram até aqui e arrumaram desculpas […] O que fica provado é que o Bolsonaro é insubstituível. [Vocês] vão enganar trouxa. E eu não sou trouxa”, afirmou Malafaia.
Cotada pelo PL como opção ao ex-presidente, Michelle Bolsonaro participou das manifestações em Belém (PA). Por lá, ela discursou sobre a necessidade de “recuperar a liberdade, acabar com o avanço da censura no Brasil e as injustiças praticadas pelo atual governo”. Segundo a assessoria da ex-primeira dama, Michelle optou pela participação em Belém porque já tinha compromissos assumidos no estado.
Além de aparecer em pesquisas de sondagem eleitoral como a principal herdeira dos votos dentro do clã Bolsonaro, Michelle assume o papel de interlocução entre o ex-presidente e o eleitorado por causa das limitações impostas por Moraes, que proibiu Bolsonaro de utilizar as redes sociais. O outro nome em alta na família é Eduardo Bolsonaro, que deixou o mandato de deputado federal e foi para os Estados Unidos, onde se aproximou da Casa Branca e intensificou as críticas contra o STF.
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Além de São Paulo, as capitais Curitiba, Belo Horizonte e Goiânia foram palcos das manifestações contra Alexandre de Moraes e Lula, mas não contaram com a presença dos governadores Ratinho Junior, Zema e Caiado, respectivamente. Chefe de Executivo mais próximo de Bolsonaro e o nome considerado mais viável em oposição a Lula, segundo a pesquisa Datafolha do último sábado (2), Tarcísio de Freitas justificou a ausência no protesto por causa de uma cirurgia que já estava marcada.
Segundo a assessoria do governo paulista, os procedimentos no joelho esquerdo ocorreram sem intercorrências e a previsão é que Tarcísio cumpra agenda interna no gabinete, no Palácio dos Bandeirantes, nesta segunda-feira (4). Os demais governadores citados foram procurados, por meio das assessorias de imprensa, mas não responderam aos questionamentos da Gazeta do Povo sobre a ausência nas manifestações.
Quem esteve na avenida Paulista foi o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que subiu ao palco e foi citado durante o discurso do presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto. “Nunes nunca abandonou o Bolsonaro“, declarou ele no palanque.
Os governadores Claudio Castro, do Rio de Janeiro, e Jorginho Mello, de Santa Catarina, ambos do PL, participaram dos eventos nas capitais do estado e discursaram em defesa do ex-presidente.
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Na avaliação do cientista político Elias Tavares, professor da pós-graduação de direito eleitoral da universidade Damásio, o cenário político mudou drasticamente desde abril, quando os quatro governadores presidenciáveis participaram do ato pela anistia e foram fotografados ao lado de Bolsonaro em São Paulo.
A mudança no quadro eleitoral foi acentuada com o tarifaço imposto por Donald Trump ao Brasil e também pelas medidas determinadas por Moraes contra o ex-presidente, que não participou das manifestações deste domingo pela proibição de deixar a residência nos finais de semana. “Os governadores não fugiram do ato em si, eles fugiram do desgaste. Foi um movimento articulado, pois os quatro não querem ficar atrelados ao Bolsonaro”, analisa.
Por outro lado, os governadores acenam para o ex-presidente em momentos estratégicos e até saem em defesa de Bolsonaro, como Tarcísio e Zema, mas sem subir o tom contra Alexandre de Moraes, principal alvo das manifestações deste domingo, após a sanção da Lei Magnitsky para ele.
“Ninguém está disposto a comprar essa briga porque esses governadores estão em situações confortáveis, terminando seus mandatos e pensando já na cadeira presidencial”, ressalta Tavares. Para viabilizar uma candidatura presidencial e atrair votos de diferentes espectros, segundo o cientista político, a tendência é que os governadores caminhem para articulação de centro-direita com posicionamento diplomático contra o tarifaço de Trump e sem confrontos diretos com ministros do Supremo.
“É um país binário, ou é esquerda ou é direita, só que tem um eleitor de centro que pode votar em Lula ou no candidato da direita. Tudo indica que teremos mais de uma candidatura no campo da centro-direita e quem colocar mais ovos dentro da cesta no primeiro turno aglutina o apoio político para o segundo turno.”
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