As articulações políticas de olho nas vagas ao Senado em 2026

Últimas atualizações em 22/07/2025 – 17:11 Por Gazeta do Povo | Feed

Amplamente vista como essencial para definir as relações do Supremo Tribunal Federal (STF) com o Congresso nos próximos anos — e o poder de pressão do último sobre o primeiro —, a disputa pelo Senado nas eleições de 2026 tem em São Paulo a direita praticamente com a mão em uma vaga, com pelo menos uma candidatura forte definida. A depender dos candidatos de centro-esquerda, a direita tem tudo para ficar com as duas vagas que estarão em disputa pelo estado.

“Para o Brasil, tem que pensar onde a gente pode eleger, pegar os melhores quadros e eleger senador, porque nós precisamos ganhar maioria no Senado”, chegou a afirmar no início de junho o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em discurso na convenção nacional do PSB. “Porque, senão, vão avacalhar com a Suprema Corte”, enfatizou. Apesar do apelo de seu líder, a centro-esquerda segue desorganizada para a eleição no estado paulista. A maioria das candidaturas, no entanto, não está definida, e tudo pode mudar até o início das campanhas no ano que vem.

De acordo com sondagem do instituto Paraná Pesquisas, divulgada no início deste mês, pelo campo da centro-esquerda existem nomes que pontuam bem nas intenções de voto para o Senado em São Paulo e conseguiriam fazer uma campanha competitiva para brigar por pelo menos uma das duas vagas em jogo. O problema, para este campo político, é que nenhum deles demonstra disposição em largar o governo federal para se arriscar nas eleições parlamentares de 2026.

Em um dos cenários estimulados testados pelo Paraná Pesquisas, o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB), aparece em segundo lugar com 35,4% da preferência dos eleitores para o cargo, empatado tecnicamente com o deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL), que aparece com 36,4% das intenções de voto.

Em outro cenário (com outros nomes) é o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), quem surge em segundo, com 32,8% das intenções de voto. Em primeiro, permanece Eduardo Bolsonaro, com 36,7%. Em ambos os cenários o secretário da Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite (Progressistas), aparece em terceiro com 22,3% e 22,9% de preferência do eleitorado, respectivamente.

  • Metodologia da pesquisa citada: o instituto Paraná Pesquisas ouviu 1.680 pessoas, em 84 municípios de São Paulo, entre os dias 4 e 8 de julho de 2025. O nível de confiança é de 95% e a margem de erro, 2,4 pontos percentuais. 

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Boas e más notícias 

Os números sobre a preferência do eleitor paulista ao Senado em 2026 trazem boas e más notícias tanto para a esquerda quanto para a direita — mas deixa esta melhor posicionada para a corrida eleitoral no ano que vem. Pelo campo da centro-esquerda, o PSB vai insistir na coalisão com o PT no plano federal para manter Alckmin como vice na chapa da tentativa de reeleição de Lula.

O vice não tem demonstrado disposição para uma disputa estadual por São Paulo, estado que governou por dois mandatos. Dirigentes do partido têm dito a jornalistas que a crise com os Estados Unidos – aberta após o tarifaço anunciado pelo presidente norte-americano Donald Trump e o impasse em torno do aumento do IOF – fortaleceram a figura de Alckmin e a parceria do PSB com o PT — fica faltando combinar e oficializar com os petistas.

Haddad, por sua vez, deixou claro algumas vezes nos últimos tempos que, no que depender dele, fica onde está no Ministério da Fazenda. Caso aceite uma missão partidária do PT e dispute a eleição, é mais provável que não tente novamente o governo do estado —pleito do qual saiu derrotado em 2022.

Outro motivo é que o ministro do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte, Márcio França (PSB), tem se colocado como candidato ao governo. Reeditada a parceria no plano federal, o apoio do PT no âmbito estadual seria uma pré-condição — em 2022, Márcio França abriu mão da candidatura ao governo de São Paulo para apoiar Haddad, disputou o Senado e perdeu.

Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo publicada no último dia 18, Edinho Silva, novo presidente nacional do PT, defendeu que o ministro abandone a Fazenda e dispute o governo ou uma vaga pelo Senado no estado paulista em 2026. “Não sei a que Haddad tem que concorrer, mas vou defender que ele concorra, penso que os melhores quadros têm que estar na disputa eleitoral de 2026”, afirmou. Caso ele vá mesmo para a disputa, tem chances de ficar com uma das vagas, indicam os números atuais de intenção de voto.

Pelo campo da direita, o nome mais forte em todas as pesquisas parece cada vez mais distante de sair candidato. Recentemente, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou a jornalistas durante visita ao Congresso Nacional que o filho não deve voltar dos Estados Unidos tão cedo. Sem Eduardo no pleito, Derrite aparece bem posicionado para a disputa e tem boas chances de ficar com uma vaga — além de aparecer bem nas pesquisas para senador e não tão bem assim para governador em São Paulo, está com a candidatura parlamentar praticamente oficializada pelo Progressistas.

Caso tanto Haddad quanto Alckmin e Eduardo Bolsonaro não participem da disputa, a disputa pela segunda vaga ao Senado por São Paulo em 2026 fica imprevisível, e nomes de centro e direita ganham espaço. Segundo o levantamento do Paraná Pesquisas, nos dois cenários apresentados aos eleitores, o deputado federal Ricardo Salles (Novo), Baleia Rossi (MDB) e a senadora Mara Gabrilli (PSD) surgem embolados no segundo pelotão, com algo entre 10% e 15% da preferência dos eleitores.

Na semana passada, circulou na imprensa que a ministra do Planejamento, Simone Tebet (MDB), negocia com o PT a transferência do domicílio eleitoral para São Paulo — onde vivem duas filhas e ela possui uma casa — para disputar o Senado com apoio dos petistas. “Poderia ser uma candidata forte pelo campo da centro-esquerda, mas dificilmente o PT em São Paulo aceitaria apoiá-la”, afirma o cientista político Samuel Oliveira.

“Acompanho a corrida para o Senado em São Paulo há quase 20 anos e existe uma peculiaridade que é sempre o surgimento e crescimento de última hora de algum nome que estava fora do radar na maioria das análises e pesquisas”, afirma Oliveira, que chama atenção para o prefeito de Sorocaba, Rodrigo Manga (Republicanos), que tem um trabalho muito forte nas redes sociais e tem ficado de fora de algumas das sondagens eleitorais. “Eu não ficaria surpreso se ele chegasse muito forte para o Senado no ano que vem”, acrescenta.

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