Senadores vão aos EUA sem reunião de alto escalão confirmada

Últimas atualizações em 18/07/2025 – 12:36 Por Gazeta do Povo | Feed


A missão parlamentar do Senado Federal aos Estados Unidos, prevista para ocorrer entre os dias 29 e 31 de julho, teve seus integrantes nomeados mas ainda não tem reuniões agendadas com membros do alto escalão do governo do presidente Donald Trump.

Com aval do presidente do Senado, Davi Alcolumbre, e da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), foi criada na quarta-feira (16) a Comissão Temporária Externa para Interlocução sobre as Relações Econômicas Bilaterais com os Estados Unidos (CTEUA).

Apesar de ser apresentada como uma missão de alto nível, a ida dos senadores brasileiros a Washington, não garante qualquer reunião formal com autoridades do governo dos Estados Unidos. A comissão criada pelo Senado busca, na prática, exercer influência política e econômica junto a parlamentares e empresários norte-americanos, diante do aumento tarifário anunciado contra produtos brasileiros.

Entre nomes preferidos para conversarem, o grupo cita os senadores americanos Rick Scott (Republicano-Flórida) e Jim Risch (Republicano-Idaho) e com o senador e secretário de Estado, Marco Rubio (Republicano-Flórida). A programação de visitas e reuniões ainda está sendo construída.

A comissão diz ter como objetivo conduzir, em nome do Senado, uma articulação institucional de alto nível com o Congresso norte-americano, ou seja, por meio de diplomacia parlamentar. A gestão das relações internacionais é prerrogativa do Poder Executivo, mas as ações orientadas por ideologia do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem feito parlamentares tentarem soluções paralelas.

A pauta dos senadores é: comércio exterior, segurança jurídica, investimentos, cadeias produtivas, agropecuária e os impactos das novas barreiras tarifárias impostas pelos EUA a produtos brasileiros.

A missão tem caráter suprapartidário e diz que visa defender os interesses econômicos do Brasil por meio do diálogo direto com parlamentares e autoridades americanas. A criação da CTEUA foi aprovada por unanimidade pelo Plenário.

A comissão temporária, composta por quatro titulares e quatro suplentes, será comandada pelo atual presidente da Comissão de Relações Exteriores, senador Nelsinho Trad (PSD-MS). Desde maio, ele conduz tratativas com a Embaixada dos EUA e autoridades brasileiras. Em seu estado, o impacto das tarifas já atinge frigoríficos e indústrias da celulose.

“É hora de diálogo franco com quem toma decisões em Washington. O Brasil precisa proteger suas cadeias produtivas e Mato Grosso do Sul já sente o impacto direto do tarifaço”, afirmou.

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Veja quem compõe a comitiva:

Titulares:

  • Senador Nelsinho Trad (PSD-MS) – Médico e ex-prefeito de Campo Grande, será o presidente da comissão temporária;
  • Senadora Tereza Cristina (PP-MS): Ex-ministra da Agricultura, é uma das principais representantes do agronegócio no Congresso. Sua presença reforça o peso do setor agropecuário na pauta da missão, especialmente diante das tarifas que atingem carne, soja e algodão.
  • Senador Jacques Wagner (PT-BA): Ex-governador da Bahia e ex-ministro da Defesa. Líder da maioria no Senado, tem trânsito político dentro e fora do governo. Sua presença sinaliza o apoio do Executivo e o reforço da articulação diplomática com o Legislativo norte-americano.
  • Senador Fernando Farias (MDB-AL): Empresário do setor de transportes e estreante no Senado. Traz à mesa a perspectiva da infraestrutura logística e do impacto do tarifaço sobre exportações nordestinas, especialmente no setor de sucos e alimentos.

Suplentes:

  • Senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP): Ex-ministro da Ciência e Tecnologia e o primeiro brasileiro no espaço. No Senado, atua em temas ligados à indústria, inovação e relações exteriores. Deve contribuir com a discussão sobre cadeias tecnológicas e comércio de alto valor agregado. Ele também é amigo do senador democrata Mark Kelly, do Arizona, astronauta aposentado da Nasa.
  • Senador Rogério Carvalho (PT-SE): Líder do PT no Senado, é médico e ex-secretário de Saúde. Representa a ala governista da comissão e reforça a posição institucional do Senado na construção de consenso e no alinhamento com o Palácio do Planalto.
  • Senador Esperidião Amin (PP-SC): Político experiente e ex-governador de Santa Catarina, é voz técnica e respeitada no Senado. Sua atuação pode contribuir com análises econômicas mais consistentes e defesa da indústria do Sul, que também sofre com as tarifas.
  • Senador Carlos Viana (Podemos-MG): Jornalista e ex-apresentador, tem forte base entre setores industriais de Minas Gerais. No Senado, defende segurança jurídica, livre iniciativa e previsibilidade no ambiente de negócios — todos pontos sensíveis afetados pelas barreiras dos EUA.

Fragilidade diplomática e solução ao tarifaço

Em publicação nas redes sociais, o senador Astronauta Marcos Pontes (PL-SP) afirmou que a missão do Senado ocorre em um momento de fragilidade diplomática do governo federal.

“Enquanto o governo atual falha na diplomacia, representarei o nosso país e o Senado Federal em missão internacional junto ao Congresso Americano, buscando abrir novos caminhos de diálogo entre as duas nações”, escreveu.

Pontes afirmou que se sente honrado com o papel e defendeu a necessidade de uma ação firme: “Farei o impossível para levar a posição do nosso país aos centros de decisão. Me sinto honrado em assumir esta missão sobre soberania, diálogo e coragem em nome do Brasil, a fim de construir pontes e não levantar muros!”

Segundo ele, o objetivo é buscar uma solução para o chamado tarifaço que seja “vantajosa” para os dois lados.

Missão institucional com apoio do governo e da Embaixada dos EUA

A iniciativa de criar a comissão teria surgido de convite da Embaixada dos EUA no Brasil e foi abraçada pelo Senado com apoio do presidente Davi Alcolumbre. A proposta também passou por reunião com ministros e líderes partidários, que discutiram as reações ao tarifaço. Em maio, o vice-presidente Geraldo Alckmin foi consultado e se mostrou favorável à articulação.

O objetivo central é fortalecer o canal direto entre os parlamentos dos dois países e, eventualmente, formalizar um grupo interparlamentar Brasil–EUA com foco em diplomacia econômica.

Um dos suplentes da comissão temporária, senador Carlos Viana, afirmou à Gazeta do Povo que o objetivo central da missão é impedir que entre em vigor, no dia 1º de agosto, a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros anunciada pelos Estados Unidos.

“Queremos uma abertura de diálogo, sentar à mesa com senadores americanos, negociadores e empresários, mostrando claramente os interesses em jogo. O anúncio da tarifa, da forma como foi feito, fere acordos diplomáticos vigentes entre Brasil e Estados Unidos”, afirmou.

Segundo ele, além do impacto econômico, a delegação brasileira pretende reforçar os laços históricos entre os dois países. “Os governos passam, mas as relações bilaterais continuam. A linguagem que os americanos entendem é a linguagem do lucro. Eles têm superávit, ganham mais ao comprar do Brasil e vender para nós. Queremos deixar claro que essa tarifa prejudica, inclusive, o consumidor americano.”

Viana se disse confiante no “bom senso” e na lógica comercial como caminho para o entendimento. A expectativa é que a missão contribua para diminuir tensões comerciais, proteger empregos e reforçar a previsibilidade nas relações bilaterais.

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