Desaprovação de Lula recua após reação ao tarifaço de Trump

Últimas atualizações em 15/07/2025 – 10:55 Por Gazeta do Povo | Feed

A desaprovação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) teve um leve recuo e empatou com a aprovação de acordo com a pesquisa AtlasIntel/Bloomberg divulgada nesta terça (15). Este é o primeiro levantamento realizado após a imposição de uma taxação de 50% pelo presidente Donald Trump, dos Estados Unidos, e que levou a uma dura reação do governo brasileiro contra a medida.

A pesquisa aponta um recuo de mais de um ponto percentual na comparação com o apurado há um mês, porém dentro da margem de erro de dois pontos percentuais. Em contrapartida, a aprovação subiu além deste percentual:

  • Desaprovação: 50,3%, ante 51,8% em junho;
  • Aprovação: 49,7%, ante 47,3%.
  • Não sabe: 0%, ante 0,9%.

A AtlasIntel ouviu 2.841 pessoas entre os dias 11 e 13 de julho. A margem de erro é de dois pontos percentuais para mais ou para menos, com grau de confiança de 95%.

VEJA TAMBÉM:

  • Governo publica “Lei da Reciprocidade” para reagir a medidas unilaterais contra o Brasil

Trump impôs um tarifaço de 50% sobre todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos no dia 9 de julho com a alegação de, entre outros motivos, haver uma “perseguição política” ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no processo que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado. A Procuradoria-Geral da República (PGR) pediu, nesta segunda (14), a condenação dele na ação.

O aumento da aprovação a Lula ocorre no momento em que o governo fez uma dura reação ao tarifaço, invocando a soberania do país contra o que seria uma interferência de outra nação nas instituições brasileiras e, por parte do próprio presidente, com críticas ácidas a Bolsonaro e ao filho, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). Para o petista, ele é quem está articulando as medidas junto a Trump nos Estados Unidos.

Veja abaixo a evolução da aprovação e desaprovação a Lula:

Por outro lado, a avaliação de que Lula está fazendo um governo ruim ou péssimo ainda supera a aprovação, mas também com um leve recuo na comparação com a pesquisa anterior:

  • Ruim/péssimo: 49,4%, ante 51,2% em junho;
  • Ótimo/bom: 43,4%, ante 41,6%;
  • Regular: 7,2% nos dois levantamentos.

Justificativa e negociação

A própria justificativa dada por Trump para tarifar os produtos brasileiros é questionada por 62,2% dos entrevistados, enquanto que 36,8% são favoráveis às alegações do presidente norte-americano. Além do processo contra Bolsonaro, também são citados uma errônea alegação de vantagens comerciais do Brasil e decisões do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que feririam a liberdade de expressão:

  • Retaliação contra a participação do Brasil no Brics: 40,9%;
  • Atuação da família Bolsonaro junto a Trump: 36,9%;
  • Retaliação contra decisões do STF sobre redes sociais americanas: 16,8%;
  • Desejo de tornar o comércio mais favorável aos EUA: 3,5%.

A pesquisa apontou que 50,3% dos entrevistados consideram que Trump ameaçou a soberania brasileira com a taxação, enquanto que 47,8% não acreditem nesta alegação. O levantamento mostra, ainda, que 44,8% consideram a reação brasileira como “adequada”, enquanto que 27,5% veem como “agressiva” e 25,2% como “fraca”.

Por conta disso, 47,9% dos entrevistados acreditam que o governo será capaz de negociar e chegar a um acordo com os Estados Unidos para reduzir a taxação, enquanto que 38,8% não veem essa possibilidade. Outros 13,3% não souberam responder.

Em contrapartida, 51,2% dos entrevistados acreditam que o governo Lula deveria retaliar os Estados Unidos pela taxação, enquanto que 40,9% acreditam que não. Nesta terça (15), o governo publicou o decreto que regulamenta a Lei da Reciprocidade, que permite ao Brasil aplicar medidas contra sanções unilaterais.

A retaliação, dizem os entrevistados, deveria ocorrer:

  • Aumentar tarifas sobre produtos americanos: 51,2%;
  • Reforçar relações diplomáticas e comerciais com rivais dos EUA, como a China: 28,6%;
  • Reduzir a dependência do dólar americano: 14,5%.

Política externa de Lula

A dura reação do governo Lula ao tarifaço de Trump também reflete na percepção da política externa feita pelo petista: 60,2% aprovam, enquanto que 38,9% desaprovam. O levantamento também aponta que 61,1% dos entrevistados acreditam que ele representa melhor o Brasil lá fora do que Bolsonaro, contra 38,8% que o consideram pior.

Apesar da maioria dos entrevistados aprovar a política externa de Lula, há uma preocupante percepção de que ele exerce relações próximas demais com países ditatoriais, como Venezuela, Cuba e Irã:

  • Venezuela: 49% acreditam que o governo sob Lula está mais próximo do que deveria;
  • Irã: 46%;
  • Cuba: 45%.

Por outro lado, 53% dos entrevistados veem uma relação “tão próximo como deveria” com a Rússia e de 51% com a China. Os dois países, no entanto, têm relações conturbadas com os Estados Unidos, que impôs o tarifaço ao Brasil, e fazem parte do Brics, a quem Trump já ameaçou de taxação caso venha a substituir o dólar em transações comerciais.

Isso se reflete também na própria percepção da relação do Brasil com os Estados Unidos: 48% dos entrevistados acreditam que os países estão menos próximos do que deveriam, 39% que estão tão próximos e 13% que estão mais próximos.

O levantamento também aponta que o Brasil deveria estar mais alinhado com os países que formam o Brics (38,1%) do que com os Estados Unidos (31,1%). Na série temporal da pesquisa, os entrevistados apontam uma evolução da relação mais com a China e a União Europeia do que com o bloco dos países emergentes e com o velho parceiro comercial:

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