Rebanhão: A Banda que Revolucionou a Música Gospel no Brasil
A banda pioneira no Rock Evangélico no Brasil
Últimas atualizações em 09/07/2025 – 15:44 Por Redação GNI
Por décadas, o cenário da música cristã evangélica brasileira foi moldado por padrões tradicionais, com canções litúrgicas, corais e hinos congregacionais. No entanto, uma revolução sonora e espiritual começou nos anos 1980, liderada por um grupo que desafiou convenções e expandiu os horizontes musicais da fé: a banda Rebanhão.
Origens e Formação
A banda Rebanhão foi fundada por Janires Magalhães Manso, no final da década de 1970. Ele, junto com outros músicos, começou a tocar em São Paulo e depois se mudou para o Rio de Janeiro, onde o grupo ganhou mais notoriedade. Pedro Braconnot também foi um dos fundadores e integrantes importantes do Rebanhão, participando de todos os álbuns da banda. O Rebanhão ganhou projeção nacional em 1981, no Rio de Janeiro, já com as participações dos músicos Pedro Braconnot, Carlinhos Felix, Paulinho Marotta, Kandel Rocha e outros integrantes que passaram pelo grupo ao longo dos anos. Sua proposta era ousada para a época: unir letras cristãs a ritmos como rock progressivo, pop, blues e reggae.
A influência de bandas seculares como Pink Floyd, Beatles e Yes era clara nas composições e arranjos, o que causou estranhamento em parte da igreja evangélica tradicional. Ainda assim, o Rebanhão conquistou uma legião de jovens cristãos que ansiavam por uma forma mais contemporânea de adoração.
Muitos homens e mulheres, na juventude, se converteram ao som e cruzadas do Rebanhão, e atualmente servem a Cristo como pastores em suas congregações.
O LP que Mudou Tudo: “Mais Doce que o Mel” (1981)
O álbum de estreia, “Mais Doce que o Mel”, foi um marco. Gravado em formato LP e lançado de forma independente, trazia letras que tratavam da vida cristã com linguagem acessível e atual, acompanhadas de arranjos inéditos no meio gospel nacional. Canções como “Baião” e “Babilônia” ganharam repercussão e se tornaram hinos de uma geração que buscava expressar sua fé com liberdade artística.
Expansão em CDs e DVDs
Durante as décadas de 80 e 90, o Rebanhão lançou outros álbuns importantes, como “Janires e Amigos” (1983) — homenagem a Janires Magalhães Manso, um dos grandes compositores evangélicos da época e fundador do precursor Rebanhão original — e “Semeador” (1986). A partir dos anos 2000, o grupo passou a relançar seus trabalhos em formato CD e gravou coletâneas ao vivo, inclusive com DVDs que resgatavam sua história e impacto no cenário gospel.
Esses registros audiovisuais foram fundamentais para apresentar a banda a novas gerações e consolidar sua importância cultural.
A formação mais clássica e famosa do Rebanhão foi: Pedrinho Braconnot, Fernando Augusto “Tutuca”, Paulinho Marotta e Carlinhos Félix. Com essa formação, fizeram shows históricos no templo da MPB brasileira, o Canecão. Foi a primeira Banda Cristã a subir ao palco daquela famosa casa de shows, que já não existe mais.

Hiato e Recomeço
Após um período de inatividade e trocas de formação, o Rebanhão fez um retorno histórico em 2010, reunindo membros originais como Carlinhos Felix e Pedro Braconnot. O show “Rebanhão 35 Anos” contou com participações especiais e foi transformado em DVD, selando a importância da banda no panorama da música cristã brasileira.
Esse retorno foi marcado por um reencontro com fãs de décadas atrás e pela conquista de um novo público, que passou a conhecer a banda pelas plataformas digitais e redes sociais.
Importância para o Cenário Evangélico
O Rebanhão é considerado pioneiro do rock cristão brasileiro. Sua ousadia abriu caminho para bandas como Oficina G3, Katsbarnea, Fruto Sagrado e Resgate, que mais tarde consolidariam o gênero gospel alternativo no país.
Mais do que inovar musicalmente, o Rebanhão ensinou que é possível evangelizar com criatividade, qualidade e relevância, sem perder a essência da mensagem cristã. A banda também teve papel importante na formação de músicos, líderes de louvor e ministérios jovens, que passaram a entender a arte como ferramenta legítima de evangelismo.
Legado Vivo
Hoje, o legado do Rebanhão continua vivo em lives, relançamentos remasterizados e eventos comemorativos. Em tempos de retrocesso musical ou produções excessivamente comerciais no mercado gospel, revisitar a história da banda é também um convite a recuperar a autenticidade e a profundidade espiritual na arte cristã.
A atual formação do Rebanhão é: Paulinho, Pedrinho, Carlinhos e Pablo Chies (guitarras).
Leia também: https://rebanhao.com/cinco-rapazes-desconhecidos/.
Leia também: https://pt.wikipedia.org/wiki/Rebanh%C3%A3o
Fontes utilizadas:
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UOL Música Gospel: Matérias históricas sobre o Rebanhão
Guiame.com.br: Entrevistas com Carlinhos Felix e Pedro Braconnot
Biblioteca CEDOC da Igreja Batista da Lagoinha
Documentário “Rebanhão 30 Anos” (DVD)
Livro: “História da Música Gospel no Brasil”, de Magali do Nascimento Cunha (Ed. Mauad)
Rebanhão | História (Extraído do site oficial da Banda)
O Rebanhão marcou a história da música cristã no Brasil. A banda representa a fase de modernização da música evangélica nos anos 80. O Rebanhão gravou seu primeiro disco de vinil em 1981. A Banda foi batizada por Janires M. Manso, seu fundador. Janires iniciou os trabalhos em São Paulo, em 1979, gravando uma lendária fita k7 com músicas inéditas e revolucionárias. Na época Jesiel, Jerubal, irmãos da Jerusa Liasch, Carrá faziam parte da formação. A igreja do Tio Cássio e Tia Arlete foram o embrião do Rebanhão. Depois, em 1981, Janires se mudou para o Rio de Janeiro e começou a ensaiar na Igreja Presbiteriana de Copacabana, onde iniciou a formação do LP Mais Doce que O Mel.
O Rebanhão marcou época na música cristã do Brasil assumindo uma atitude moderna e inovadora, rompendo com as “quatro paredes” das igrejas, a banda conseguiu atingir audiências ecléticas e divulgar de forma marcante a música cristã. Se apresentando em locais até então pouco convencionais para grupos de origem evangélica, como praças públicas, escolas, presídios e praias, o Rebanhão foi a primeira banda evangélica a lotar palcos profissionais como o famoso Canecão, no Rio de Janeiro. Foi também a primeira banda gospel a assinar contrato com gravadoras multinacionais como a Polygram e a Warner. Com um repertório diverso, marcado por ritmos jovens e linguagem contemporânea, a banda quebrou paradigmas e contribuiu para a formação de uma nova identidade na música evangélica brasileira.
A trajetória do Rebanhão é apontada como o marco inicial do movimento que deu origem à chamada música gospel brasileira. A banda é pioneira no rock cristão brasileiro: “o estilo ‘Rebanhão’ de ‘cantar para Deus’ fez história não só pelo sucesso e adesão dos jovens, o que já havia acontecido nos anos 70 com conjuntos musicais. Ele foi marcado pelo rompimento radical com o estilo tradicional musical evangélico. Radical aqui significa a adoção de ingredientes então considerados profanos para a musicalidade religiosa evangélica: linguagem, postura cênica, visual dos músicos, apresentação no estilo espetáculo (Rebanhão foi o primeiro grupo evangélico a se apresentar em casas de show, como o Canecão, no Rio de Janeiro)”, afirma a pesquisadora Magali do Nascimento Cunha. O destaque do Rebanhão no cenário da música cristã brasileira pode ser constatado também pela inserção do verbete “Rebanhão” no Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, uma das principais obras de referência para os estudiosos da música no país.
Durante as décadas de 80 e 90, o Rebanhão se apresentou em todo o país, proporcionando uma experiência transformadora para milhares de cristãos que buscavam um novo caminho de vivência da fé. Embora tenha tido diferentes formações, a banda viveu um dos períodos mais produtivos e de maior reconhecimento público com a formação clássica, tendo à frente os músicos Carlinhos Félix, Pedro Braconnot e Paulo Marotta. Ao longo do tempo, cada um dos integrantes assumiu projetos pessoais que os afastaram da banda, e o Rebanhão encerrou as atividades no ano 2000, depois de ter se apresentado com diferentes formações.
O projeto “Rebanhão 35 Anos” é um revival histórico. O grupo foi responsável por uma verdadeira revolução musical na Igreja evangélica brasileira, levando a mensagem cristã para os ouvintes das novas gerações que se encontravam cada vez mais distantes dos púlpitos das igrejas. Lutando por esta causa, eles enfrentaram muitas críticas e a resistência de líderes que não aceitaram o novo estilo musical. Esta gravação dos 35 anos veio para marcar novamente outras gerações. É inevitável concluir que, sem a ousadia do Rebanhão, a música evangélica brasileira não teria alcançado o patamar que tem hoje.