O discurso de Putin na 17ª Reunião de Cúpula do Brics, no Brasil
Últimas atualizações em 06/07/2025 – 16:12 Por Gazeta do Povo | Feed
O presidente da Rússia, Vladimir Putin, que participou remotamente da 17ª Reunião de Cúpula do Brics, iniciada neste domingo (6) no Rio de Janeiro, defendeu a desdolarização, a autoridade do bloco e a ideia de que o modelo de globalização liberal está ultrapassado.
Sua participação ocorreu através de um vídeo enviado pelo Kremlin. O presidente não esteve presencialmente na reunião em razão de seu mandado de prisão aberto contra ele no Tribunal Penal Internacional (TPI) por crimes de guerra na Ucrânia.
A vinda de Putin ao Rio de Janeiro para a reunião da cúpula implicaria a obrigação do Estado brasileiro de prendê-lo ao desembarcar em território nacional.
Desdolarização
O presidente russo, um dos mais interessados na promoção da desdolarização do comércio internacional, em razão do isolamento fiscal da Rússia imposto por potências mundiais após a invasão da Ucrânia, defendeu o avanço das tratativas do uso de moedas locais entre os países do bloco.
“A criação de um sistema independente de liquidação e depósito na plataforma do Brics, ao que tudo indica, tornará as transações cambiais mais rápidas, eficientes e seguras”.
O ditador complementou afirmando que o uso de moedas nacionais no comércio entre os países que compõem o BRICS “está em constante crescimento”.
“Em 2024, a participação da nossa moeda nacional, do rublo e das moedas de países amigos nos acordos da Rússia com outros países do BRICS chegou a 90%”, afirmou.
De acordo com o grupo de trabalho dos ministros das Finanças do Brics, houve avanços na construção do sistema de pagamento em moedas locais.
Globalização liberal em queda e o mundo multipolar sendo ampliado
Para Putin, o mundo unipolar – concentrado nos Estados Unidos e a globalização liberal estão em queda.
“[O mundo unipolar] está sendo substituída por um mundo multipolar mais justo. Tudo indica que o modelo de globalização liberal está se tornando obsoleto, o centro da atividade empresarial está se deslocando para os mercados em desenvolvimento, o que está desencadeando uma poderosa onda de crescimento, inclusive nos países do Brics”, disse.
Nos últimos dois anos, o Brics subiu de cinco para 11 integrantes permanentes, além de incluir dez membros parceiros.
“A autoridade e a influência desse grupo aumentam a cada ano, e o Brics é agora um dos principais grupos e organizações-chave no mundo. E nossa voz é ouvida em alto e bom som em todo o cenário internacional”, afirmou, o chefe do Kremlin.
O mandatário celebrou ainda a expansão do bloco: “nossa associação expandiu-se significativamente e inclui os principais Estados da Eurásia, África, Oriente Médio e América Latina. Juntos, temos um potencial político, econômico, científico, tecnológico e humano verdadeiramente enorme”.
O presidente russo aproveitou a oportunidade para agradecer Lula por seu “trabalho ativo” na ampliação do bloco.
“É importante que nossos colegas brasileiros tenham se aprofundado nas iniciativas apresentadas durante a presidência da Rússia no ano passado e proposto trabalhar em sua implementação”.
Entre os membros permanentes do Brics, estão o Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia.
Também participam os países parceiros: Belarus, Bolívia, Cazaquistão, Tailândia, Cuba, Uganda, Malásia, Nigéria, Vietnã e Uzbequistão.
Os 11 países representam 39% da economia mundial, 48,5% da população do planeta e 23% do comércio global. Em 2024, países do Brics receberam 36% de tudo que foi exportado pelo Brasil. Já o governo comprou desses países 34% do total do que importou.
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