PT mobiliza influenciadores para defender Lula nas redes após crise do IOF

Em meio ao desgaste com o Congresso Nacional sobre a derrubada do decreto que aumentaria o IOF, o PT intensificou a estratégia digital e reuniu, nesta quarta (2), cerca de 700 militantes e influenciadores para fortalecer a campanha “Taxação BBB” e ampliar a defesa do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas redes sociais.

A iniciativa foi batizada de “Clube de Influência Eu Tô com Lula” e busca consolidar uma rede de comunicadores alinhados à narrativa oficial do governo. O foco da nova estratégia será produzir conteúdos que defendam a chamada “justiça tributária” e a “reforma da renda”, termos usados para justificar propostas como o aumento do IOF e a cobrança de impostos sobre os mais ricos, bancos e “bets” – os sites de apostas online.

“Não significa que estamos em guerra com o Congresso. A partir do momento em que o governo Lula defende que o andar de cima comece a pagar impostos, nós partimos da linha dos 99% que pagam muito contra os 1% que não pagam nada”, disse Jilmar Tatto, secretário nacional de Comunicação do PT.

O dirigente petista reforçou que os conteúdos da campanha são assinados pelo partido e buscam combater o que considera como desinformação. Para ele, a rede não publica “fake news”, afirmando que “nossos conteúdos só reproduzem a verdade”.

Tatto ainda reforçou que a estratégia é conhecida e apoiada pelo governo, bancadas no Congresso e a militância digital. “O país está polarizado. Nos chamaram para a briga, estamos para briga. Experimenta. De 9 eleições nacionais, ganhamos 5″, pontuou citando que o partido entrou em “modo pré-campanha”.

Ainda durante o encontro, o presidente da Fundação Perseu Abramo, Paulo Okamoto, apresentou o projeto “Pode Espalhar”, voltado à disseminação de conteúdos em defesa do governo em múltiplos canais através da militância e de influenciadores digitais.

O publicitário Otávio Antunes, que fez a campanha de Fernando Haddad à presidência da República em 2018 após a prisão de Lula, explicou que dezenas de vídeos já foram produzidos para a campanha “Taxação BBB”, com base em uma demanda do partido por uma comunicação voltada à “justiça de verdade”.

Ciente da possibilidade de peças da nova estratégia serem levadas à Justiça, o PT acionou o grupo Prerrogativas, de advogados alinhados à esquerda, para defender os influenciadores. O jurista Marco Aurélio Carvalho propôs a criação de uma equipe jurídica para dar suporte à militância pelos riscos legais da produção de conteúdo político.

Para ele, a orientação é usar dados oficiais e evitar qualquer tipo de ataque que configure crime contra a honra.