O que Israel e Irã ganhariam com o fim do conflito
Últimas atualizações em 24/06/2025 – 11:02 Por Gazeta do Povo | Feed
O cessar-fogo no conflito entre Israel e Irã anunciado pelo presidente americano, Donald Trump, na noite dessa segunda-feira (23) se mostra cada vez mais frágil diante da troca de acusações e ameaças entre os dois países envolvidos no acordo.
Pouco depois da trégua supostamente entrar em vigor, na madrugada desta terça-feira (24), o Exército israelense relatou a detecção de um novo lançamento de mísseis do Irã contra o território nacional, o que fez disparar os alarmes no norte do país. Em contrapartida, o Exército do Irã afirmou que Israel lançou três ondas de mísseis após o início do cessar-fogo anunciado por Trump.
Apesar da instabilidade inicial, um cessar-fogo entre os países pode trazer benefícios para as estratégias dos dois lados.
Israel
Ao aceitar a proposta do líder da Casa Branca, na segunda-feira, o governo de Israel, liderado pelo primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, disse que atingiu seus objetivos em 12 dias de guerra, embora tenha advertido que responderá “com firmeza” a qualquer violação deste acordo.
Por meio de um comunicado, o gabinete de Netanyahu informou que se reuniu com o ministro da Defesa, Israel Katz, o chefe do Estado-Maior e o chefe do Mossad, para informá-los de que Israel havia alcançado todos os objetivos da “Operação Leão em Ascensão”, que começou na madrugada de 13 de junho, quando a Força Aérea israelense bombardeou alvos militares e nucleares no Irã.
“Israel eliminou uma dupla ameaça existencial imediata, tanto no campo nuclear quanto no de mísseis balísticos”, diz o comunicado, detalhando como o Exército israelense alcançou o controle aéreo “total” dos céus de Teerã, além de ter infligido “graves danos” à cúpula militar e governamental iraniana.
Com isso, Israel afirmou que alcançou conquistas históricas e se colocou “em pé de igualdade com potências mundiais”, ampliando sua influência no Oriente Médio.
“Na Operação Leão em Ascensão, o Estado de Israel alcançou grandes conquistas históricas e se colocou em pé de igualdade com as potências mundiais. Este é um grande êxito para o povo de Israel e seus combatentes, que eliminaram as duas ameaças existenciais ao nosso Estado e garantiram a eternidade de Israel”.
Durante as operações, que contaram com a participação dos Estados Unidos, Israel conseguiu enfraquecer o regime dos aiatolás com a eliminação de grande parte do círculo militar próximo do líder supremo, Ali Khamenei, e de cientistas envolvidos com o programa nuclear secreto do Irã, considerado uma ameaça existencial para o Estado israelense. Além disso, não houve perdas militares israelenses e americanas durante os bombardeios.
Irã
Por outro lado, o regime de Khamenei, apesar de manter a postura linha-dura contra Washington e Tel Aviv, parece buscar uma saída para o conflito diante das inúmeras perdas.
Na segunda-feira, o Conselho Supremo de Segurança Nacional do Irã se reuniu de forma extraordinária para discutir como responderiam ao ataque dos Estados Unidos no final de semana contra três instalações nucleares essenciais de Teerã. O líder supremo ordenou o lançamento de mísseis contra bases militares americanas na região, medida que não gerou impacto na Casa Branca e foi visto como um sinal de fraqueza do regime.
Fontes familiarizadas com o assunto explicaram ao The New York Times que a ação do Irã foi contida, visto que o país queria evitar novos bombardeios americanos em seu território. O principal alvo do ataque foi a Base Aérea de Al Udeid, no Catar, um país aliado de Teerã na região, outro motivo para uma reação mais comedida.
Contudo, apesar das operações israelenses e americanas terem mostrado um grau de força superior, ainda não está claro se os ataques recentes frustraram o programa de enriquecimento de urânio do Irã e sua capacidade de construir armas nucleares, motivo pelo qual um cessar-fogo pode dar tempo ao regime dos aiatolás para se reorganizar.
Autoridades americanas afirmam nos dias seguintes ao ataque que os bombardeios causaram “danos graves” às instalações nucleares iranianas, principalmente em Fordow, onde o Irã enriquece urânio e apenas um sistema dos Estados Unidos poderia provocar estragos. Como o local é subterrâneo, não é possível fazer uma avaliação exata do que aconteceu na instalação.
Além disso, o Irã alegou ter construído um novo centro de enriquecimento de urânio “em um local seguro e sem vulnerabilidades”. A nova instalação possivelmente fica sob uma montanha, semelhante a Fordow. Segundo o Times, se ela já estiver funcionando com centrífugas mais modernas, poderá enriquecer urânio para armas nucleares em poucos meses.
O atual estoque de urânio enriquecido em Teerã também não foi localizado pelos americanos e por Israel, até o momento. Autoridades iranianas informaram que conseguiram transferi-lo para um “local seguro” antes do ataque dos Estados Unidos. Estima-se que o Irã tenha cerca de 400 quilos de urânio enriquecidos com 60% de pureza, próximo dos 90% necessários para a produção de armas nucleares.
Com isso, o Irã sairá enfraquecido militarmente do conflito, mas pode ganhar tempo e planejar o futuro de seu programa nuclear, usado como uma dissuasão estratégica contra os países considerados inimigos do regime dos aiatolás. Além disso, o país persa deve planejar outras formas de atingir seus alvos sem necessariamente abrir uma nova frente direta de conflito.
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