minuta de Torres é semelhante à mostrada por Bolsonaro em reunião

O ex-comandante do Exército, general Freire Gomes, afirmou nesta terça-feira (23), durante acareação no Supremo, que a “minuta do golpe” encontrada na casa do ex-ministro da Justiça, Anderson Torres, é “semelhante” ao documento apresentado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em reunião com os comandantes das Forças Armadas.

A reunião foi realizada em 2022, no Palácio da Alvorada e, segundo o depoimento do general à Polícia Federal, o documento tratava da decretação de Estado de sítio e a operação de Garantia da Lei e da Ordem (GLO).

O documento encontrado na casa de Torres previa uma intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE). e de uma comissão militar com poderes sobre o processo eleitoral – pontos semelhantes aos citados pelo general na acareação desta segunda-feira.

“A testemunha diz que a minuta apresentada no dia 7 teria o conteúdo semelhante à encontrada na residência do réu Anderson Torres. A testemunha não diz que as minutas são iguais ou com conteúdos idênticos. Mas sim, que os conteúdos são semelhantes”, diz a ata da acareação. A sessão não foi transmitida, como os interrogatórios, por ordem do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso.

Torres é réu na ação penal sobre a suposta tentativa de golpe de Estado. A PF apontou que o ex-ministro teria assessorado juridicamente Bolsonaro para a decretação de “um estado de exceção após as eleições de 2022”. Torres já havia dito que nunca assessorou o ex-presidente em uma audiência de instrução no Supremo.

Moraes conduziu a acareação entre Torres e Freire Gomes e entre o ex-ministro Walter Braga Netto e o tenente-coronel Mauro Cid, também realizada nesta manhã. O ministro Luiz Fux e o procurador-geral da República, Paulo Gonet, também participaram da audiência.

A acareação é um procedimento em que as pessoas envolvidas apresentam sua versão dos fatos frente a frente, com o objetivo de apurar a verdade. Durante a audiência, Moraes afirmou que nas acareações, assim como nos interrogatórios, o réu não tem o compromisso de dizer a verdade, mas a testemunha sim.