Democratas querem impeachment de Trump por bombardear Irã

Últimas atualizações em 24/06/2025 – 08:27 Por Gazeta do Povo | Feed


O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, já vinha enfrentando pressão de (muitos) democratas e (poucos) republicanos para não entrar diretamente no conflito Israel x Irã. Como esperado, as cobranças aumentaram após o ataque americano a instalações nucleares iranianas no fim de semana.

Deputados do partido do presidente e figuras famosas da direita americana, como o comunicador Tucker Carlson e o estrategista político Steve Bannon, se opuseram à ofensiva.

Antes do ataque, o deputado republicano Thomas Massie havia apresentado junto dos democratas uma proposta de resolução para vetar o envolvimento dos Estados Unidos no conflito. Uma proposta no mesmo sentido foi apresentada apenas pela oposição no Senado.

Ambas podem ser votadas ainda esta semana, mas seu efeito seria incerto, principalmente depois que Trump anunciou um cessar-fogo entre os lados do conflito nesta segunda-feira (23), que Israel acusa o Irã de ter violado já nas primeiras horas desta terça (24). Após os bombardeios de domingo (22), Massie escreveu no X que a operação de Trump “não é constitucional”.

A deputada Alexandria Ocasio-Cortez, da ala mais à esquerda dos democratas, disse que os bombardeios ao Irã justificariam o impeachment de Trump.

“A decisão desastrosa do presidente de bombardear o Irã sem autorização é uma grave violação da Constituição e dos poderes de guerra do Congresso. Ele arriscou impulsivamente iniciar uma guerra que pode nos enredar por gerações”, escreveu AOC (como é chamada) no X.

“É absoluta e claramente motivo para impeachment”, ameaçou. Porém, mesmo que seja levada em conta a hipótese improvável de um pedido de impeachment de Trump chegar ao plenário do Congresso dos Estados Unidos, as chances de destituição do presidente são mínimas.

Na Câmara, é necessária aprovação do pedido por maioria simples, mas hoje os republicanos têm 220 das 435 cadeiras na casa. No Senado, o impeachment teria que ser aprovado por dois terços dos senadores, e o partido de Trump soma hoje 53 dos cem assentos na câmara alta.

Nesta segunda-feira, segundo informações da CNN, o presidente da Câmara, Mike Johnson, afirmou que Trump usou sua autoridade presidencial “judiciosamente” para proteger militares americanos no Oriente Médio e que não é o “momento apropriado” para o Congresso dos Estados Unidos votar uma resolução sobre poderes de guerra.

O Departamento de Justiça (DOJ, na sigla em inglês) sustenta que os ataques ao Irã foram baseados no Artigo II da Constituição americana, que dá amplos poderes ao presidente para ordenar o uso de força militar, e que não houve desrespeito ao Artigo I da carta, que dá ao Congresso a autoridade para declarar guerra.

A justificativa do DOJ é que a operação no Irã foi pontual, e não o início de uma guerra.

Na rede Truth Social, Trump criticou o correligionário Massie por ter apresentado a proposta de resolução para que os Estados Unidos não ajudassem diretamente Israel no conflito.

“O MAGA [sigla em inglês para ‘Faça a América Grande Novamente’, bordão eleitoral de Trump que designa os apoiadores mais fieis do presidente] deveria se livrar desse perdedor patético, Tom Massie”, escreveu o presidente, que disse que fará campanha contra o deputado nas próximas prévias do Partido Republicano.

A discussão sobre a legalidade ou não dos bombardeios americanos ao Irã chegou à esfera internacional. Nesta segunda-feira, o presidente da França, Emmanuel Macron, e o primeiro-ministro da Noruega, Jonas Gahr Store, alegaram que os ataques não estão respaldados pelo direito internacional.

“Não há base legal para esses ataques, mesmo que a França compartilhe do objetivo de não ver o Irã se dotar de armas nucleares”, disse Macron, segundo informações da Agência EFE.

“Acho que as leis internacionais têm princípios claros sobre o uso da força: ela é permitida com o consentimento do Conselho de Segurança da ONU ou em legítima defesa. Acho que isso está fora do âmbito do direito internacional”, disse Store.

Mark Rutte, secretário-geral da Otan, discordou. “Meu maior medo seria que o Irã possuísse, pudesse usar e implantar uma arma nuclear, o que representaria um estrangulamento de Israel, de toda a região e de outras partes do mundo. E é por isso que a Otan disse que o Irã não deveria — e esta é a posição consistente da Otan — ter uma arma nuclear. E eu não concordo que seja contra o direito internacional, o que os EUA fizeram”, afirmou.

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