Teerã repudia relatório da ONU sobre programa nuclear iraniano
Últimas atualizações em 31/05/2025 – 18:05 Por Redação GNI
O Irã rejeitou, neste sábado, o recente relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) sobre seu programa nuclear, chamando-o de “desequilibrado, impreciso e motivado politicamente”.
“O relatório carece de equilíbrio e não oferece uma avaliação completa e precisa dos fatores que influenciam a situação atual”, denunciaram em um comunicado conjunto o Ministério das Relações Exteriores iraniano e a Organização de Energia Atômica iraniana, acusando o Ocidente de usar a organização internacional como um “instrumento político”.
A agência nuclear da ONU informou hoje que o Irã está avançando nos aspectos mais controversos de seu programa nuclear, aumentando sua produção de urânio altamente enriquecido em quase 50% entre fevereiro e maio, próximo aos 90% necessários para uso militar.
De acordo com o relatório restrito que a Agência EFE teve acesso em Viena, Teerã possui 408,6 quilos de urânio 60% enriquecido, 48,7% a mais que em fevereiro.
“O aumento significativo na produção e acumulação de urânio altamente enriquecido pelo Irã, o único Estado sem armas nucleares que produz esse material, é motivo de grande preocupação”, alertou a AIEA.
O Irã acusou a agência atômica internacional de emitir este relatório sob “pressão indevida” de EUA, Reino Unido, França e Alemanha, e com base em documentos “falsificados” fornecidos por Israel, que chama de “regime ilegítimo” e critica por não ser membro do Tratado de Proliferação Nuclear (TNP) e “possuir armas nucleares”.
“O diretor-geral (da AIEA, Rafael Grossi) está repetindo acusações infundadas e tendenciosas baseadas em documentos falsificados apresentados pelo regime sionista (Israel)”, rebateu o comunicado iraniano.
Além disso, reiterou que, de acordo com uma fatwa emitida pelo líder supremo do Irã, Ali Khamenei, a República Islâmica não busca desenvolver armas nucleares e que seu programa nuclear se limita a “fins pacíficos, conforme estabelecido pelo TNP, e está sob a supervisão integral da AIEA”.
Teerã enfatizou que os responsáveis pela situação atual são os EUA, por sua retirada do acordo nuclear de 2015, e os países europeus, pelo “fracasso fundamental em cumprir seus compromissos”, acusando-os de usar a organização internacional como instrumento político.
“Esta postura demonstra mais uma vez que os três países europeus e os Estados Unidos não são sinceros em sua declaração de preservação da credibilidade da AIEA ou em sua suposta intenção de chegar a um acordo”, criticou o texto, referindo-se às negociações nucleares em andamento entre Teerã e Washington, mediadas por Omã.
Conselho de Governadores da AIEA
O Ministério das Relações Exteriores do Irã e a Organização de Energia Atômica alertaram em seu comunicado que, se “alguns países” tentarem explorar o relatório da AIEA no Conselho de Governadores da AIEA, “o Irã aplicará medidas em defesa de seus direitos e interesses legítimos, e a responsabilidade pelas consequências recairá sobre esses países”.
O Conselho de Governadores será realizado em 9 de junho em Viena para discutir as últimas conclusões, enquanto os países europeus deixaram em aberto a possibilidade de encaminhar o caso do Irã ao Conselho de Segurança da ONU, onde poderiam reimpor sanções internacionais abrangentes.
Tudo isso acontece em meio a negociações nucleares entre Irã e EUA, que insistem em desmantelar o programa atômico iraniano e alcançar o “enriquecimento zero”. Essa retórica pode ganhar ainda mais força com a publicação do relatório da AIEA.
Enquanto isso, a República Islâmica deixou claro que não abrirá mão de seu direito de enriquecer urânio para fins pacíficos e afirma que, nas negociações, só aceitará limitações ao seu programa nuclear em troca do levantamento total das sanções.
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