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Após boicote, presidente da Coreia do Sul escapa de impeachment

Em uma manobra para evitar a deposição do presidente da Coreia do Sul, Yoon Suk-yeol, deputados do governista Partido do Poder Popular (PPP) abandonaram a sessão convocada neste sábado para votar o impeachment do mandatário, que decretou lei marcial no começo da semana — uma medida que abalou as estruturas políticas de uma das principais democracias da Ásia.

Sem votos do partido da situação, o impeachment de Yoon não pode ser aprovado.

A sessão deve ficar aberta até às 00h48 (12h48 em Brasília), quando será feito o cômputo final dos votos.

A manobra aconteceu por volta das 06h (em Brasília), pouco depois da abertura da sessão, quando os deputados governistas já posicionados dentro da Assembleia Nacional abandonaram a sessão.

De um total de 108 deputados, apenas um permaneceu para votar — Ahn Cheol-soo, que já concorreu à Presidência.

Para que o presidente seja afastado, são necessários que 200 dos 300 deputados votem à favor da moção. Com uma bancada de 192 deputados, a oposição liderada pelo Partido Democrático, que propôs o impeachment, precisava que oito governistas votassem contra o presidente — algo que parecia encaminhado até a véspera da votação.

O boicote dos governistas enfureceu uma multidão de cerca de 150 mil sul-coreanos reunidos no entorno da Assembleia Nacional, que pediam pelo impeachment do presidente. Os manifestantes chamaram os parlamentares que se recusaram a votar de “traidores” e gritaram palavras de ordem, pedindo a prisão de Yoon e exigindo que os deputados voltassem ao plenário. Dentro da Assembleia, deputados da oposição discursaram tentando convencê-los a participar da votação.

Em meio à pressão, três parlamentares oposicionistas voltaram, provocando reação de entusiasmo nos manifestantes. Ao menos um deles, Kim Sang-wook, afirmou que retornou apenas para depositar o seu voto contrário ao impeachment, de modo que ainda seriam necessárias ao menos seis deserções para que a moção de afastamento seja aprovada.

A base governista no Legislativo parecia ter se decidido por votar pelo impeachment no dia anterior, até que o presidente apareceu em público, horas antes da votação, para um pronunciamento nacional, o primeiro desde a imposição da lei marcial. Yoon se desculpou pela medida, que descreveu como uma “tentativa desesperada”.

ANI